EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Bastidores do mundo dos negócios

Investidores entram com ação contra a XP por ficarem sem comunicação com plataforma no auge da crise

PUBLICIDADE

Por José Ayan Júnior
Atualização:
Profissionais do mercado financeiro. Crédito da foto: Paulo Whitaker/Reuters Foto: Estadão

As fortes perdas no mercado de renda variável em meio à decretação da pandemia da covid-19 em março começam a chegar à Justiça. Investidores que amargaram prejuízo em operações com ações e opções ingressaram com pedidos de indenização contra a XP Investimentos, alegando que a corretora liquidou contratos com vencimento antes da hora e apresentou falhas no seu sistema de comunicação. Os pedidos de indenização ainda não foram julgados.

PUBLICIDADE

Um dos casos é do investidor José Corona. Por meio de suas holdings patrimoniais Abaco e JC Investimentos, ele alega ter tido prejuízo de cerca de R$ 8 milhões em ações e contratos de opções entre 6 e 9 de março. Neste último dia, inclusive, foi a primeira das cinco vezes em que a B3 teve o circuit breaker (parada estratégica para barrar perdas maiores) no ano. Também foi neste dia que diversos investidores reclamaram de problemas para acessar a plataforma de corretoras como XP Investimentos, BTG Pactual, Easynvest e Banco Inter, entre outras. As plataformas travaram diante de um número massivo de clientes assustados diante da sangria do mercado.

Ação de Corona diz que não havia comunicação com plataforma

Segundo Corona, o motivo da perda foi causado pela total falta de comunicação ou possibilidade de acesso às plataformas da XP Investimentos, seja pelo site, aplicativo, telefone ou por meio de agentes autônomos de escritórios atrelados à corretora. Além disso, a XP assumiu o controle de sua carteira, liquidando ativos "sem qualquer critério, racionalidade ou preocupação em minimizar o prejuízo", de acordo com o investidor. Como exemplo, ele cita operações de compra de ações a termo, cuja obrigação de pagamento somente venceria depois de dois meses. Caso fosse contatado pela XP, Corona deveria desembolsar R$ 300 mil em um depósito de garantia para reenquadrar sua carteira.

"José Corona tinha o interesse e, o mais importante, dispunha de recursos financeiros para realizar os depósitos necessários ao reenquadramento de sua carteira, mas foi impedido de fazê-lo pela inoperância do sistema e incomunicabilidade dos funcionários da corretora XP", diz o escritório Warde Advogados, responsável pelo processo, ainda em fase inicial de levantamento de provas.

Publicidade

Há pelo menos outros dois casos na Justiça contra a XP

Há outros dois casos de investidores que entraram na Justiça contra a XP. Um dos requerimentos foi feito por LCRJ, apenas com as iniciais do investidor, já que o processo corre em segredo de Justiça. Ele tinha opções em operações estruturadas com vencimento em março e abril. Segundo ele, a XP liquidou a maior parte das operações em abril, gerando um rombo de quase R$ 1 milhão na conta.

"Caso fossem liquidadas as opções de março, ele teria assumido o prejuízo", diz o advogado Wagner Eduardo Rocha da Cruz, sócio do escritório Gonzalez & Simonetti, responsável pelo caso. No terceiro caso, o investidor Raimundo Pimenta diz ter perdido R$ 14,4 mil ao operar contratos futuros de milho após liquidação da posição por parte da XP sem ordem do autor.

Procurada pela reportagem, a XP diz que as três reclamações já foram tratadas pela ouvidoria da empresa e foram julgadas improcedentes. De toda forma, irá prestar esclarecimentos novamente nos processos judiciais quando for intimada para isso.

Notícia publicada no Broadcast no dia 02/06/2020, às 16:24

Publicidade

Contato: colunabroadcast@estadao.com

Siga a @colunadobroad no Twitter

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.