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Bastidores do mundo dos negócios

Itaú aposenta marca de cartões Itaucard

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Por Matheus Piovesana (Broadcast)
Atualização:
Banco adquiriu duas corretoras este ano    Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Líder no mercado de cartões no Brasil, o Itaú Unibanco está unificando a oferta de produtos sob a marca Itaú, que substitui a Itaucard. A junção é mais um passo do maior banco da América Latina na reformulação de sua atuação no segmento, que virou porta de entrada no mercado para fintechs e bancos digitais, como o Nubank, na última década.

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"A marca Itaucard nasceu como um negócio de cartões para não correntistas do Itaú, o que com o tempo perdeu sentido. O cliente é do banco", diz Rubens Fogli, diretor de cartões do conglomerado. "Olhando para o melhor entendimento do cliente, não fazia sentido. E no sentido econômico, existia um investimento para manter essa marca, sendo que já existia um investimento enorme na marca Itaú."

Segundo o diretor de marketing do banco, Guilhermo Bressane, a diferenciação fazia sentido no passado, quanto a conta corrente era o principal canal de relacionamento entre banco e cliente. "À medida que evoluímos na prateleira de soluções e produtos financeiros e começamos a oferecê-los para quem não tinha conta corrente, começou a não fazer sentido dizer que o cliente do banco era só quem tinha conta corrente", comenta.

Recentemente, o Itaú repaginou o portfólio de cartões, que são vendidos via agência, digital ou parcerias com varejistas ou empresas de consumo, como as aéreas Azul e Latam. Nos três canais, o banco passou a oferecer opções de cartão sem anuidade. "O cartão com anuidade entrega um benefício tangível e relevante, e o cartão sem anuidade, um meio de pagamento e de parcelamento", diz Fogli.

Hoje, mais da metade das vendas de cartão do Itaú acontecem via digital. É um meio que traz clientes com perfil de crédito mais arriscado, como disse o presidente do banco, Milton Maluhy, na última divulgação de resultados. Mas foi o que possibilitou que as fintechs mordessem uma fatia de mercado que os bancos atingiam menos - o público de menor renda.

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Instituição tem 30% do mercado de cartões

O Itaú detém cerca de 30% do volume do mercado de cartões, e 41,1 milhões de cartões emitidos. Atrás dele estão Bradesco, Banco do Brasil e Santander. No ano passado, o Nubank ainda estava distante dos quatro, mas à frente da Caixa Econômica Federal (CEF), segundo dados do mercado.

No primeiro trimestre deste ano, o setor de cartões movimentou volume 36% maior que no mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Cálculo do UBS BB com os números dos quatro maiores bancos mostrou que o Itaú cresceu 30% no período, o maior número do grupo. Novos players, como o próprio Nubank, porém, cresceram mais.

"No primeiro trimestre, a fatia dos quatro maiores players no volume de transações caiu 1,2 ponto porcentual, para 56,2%, ante 57,4% no quarto trimestre - era de 67,9% antes da pandemia da covid-19", afirmaram os analistas Thiago Batista, Olavo Arthuzo e Rayna Kumar, em relatório divulgado no mês passado.

Banco incentiva clientes a usar cartões virtuais

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Outro passo das mudanças que o Itaú tem implementado é o estímulo à desmaterialização do cartão. O banco está incentivando os clientes a utilizarem os chamados cartões virtuais, emitidos através do aplicativo, em geral para compras online. No mundo físico, a ideia é que o cliente utilize o cartão através das carteiras digitais, como Google Pay e Apple Pay.

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"Como o brasileiro parou de usar o dinheiro físico, o que queremos promover é uma mudança para que ele passe direto para o uso do cartão digital", afirma Bressane. No primeiro trimestre de 2022, o número de transações realizadas com cartões virtuais cresceu 296% na comparação com o mesmo período de 2021, com um aumento no faturamento com a modalidade de 190%, segundo o banco.

Além de dar comodidade aos clientes, o banco quer torná-los mais fiéis. De acordo com Fogli, o brasileiro tem em média quatro cartões de crédito. "Nós identificamos que o uso de pagamentos digitais está fortemente ligado à geração de principalidade. A pessoa que cadastrou a wallet ou usa cartão digital geralmente usa o nosso cartão com mais frequência, e num tíquete médio maior", afirma.

Nas parcerias com outras empresas, o banco também busca novos modelos. Antes, preponderava a associação a uma varejista ou marca, com benefícios para a compra naquela empresa. Esse tipo de parceria continua de pé, mas o conglomerado também começa a desenhar modelos em que define um nicho de atuação, e então atrai parceiros.

O Players Bank, banco digital voltado para o público gamer, é um exemplo. O Itaú fechou parcerias com empresas de consoles, de jogos e com influenciadores, todas para o novo produto. "Atuamos em parcerias com essas três cadeias para poder fortalecer o produto e entregar um benefício melhor para o público gamer. Fizemos um produto e chamamos vários parceiros para atuar", observa Fogli.

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 15/06/22, às 16h10

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