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Bastidores do mundo dos negócios

Lançamento do IPO da Estapar é boa notícia, mas ainda não é sinal de retomada

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Por Fernanda Guimarães
Atualização:

O lançamento da oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Allpark, dona da rede de estacionamentos Estapar, chamou atenção por ocorrer em meio à pandemia do novo coronavírus, quarenta dias depois de mais de duas dezenas de ofertas serem colocadas na gaveta por imposição da volatilidade trazida pela crise. Apesar da sinalização positiva, esse ainda é um movimento muito específico e não deve ser interpretado como uma retomada das aberturas de capital na bolsa brasileira. A projeção segue que os IPOs devem começar a ir para a rua no último trimestre do ano, com a seletividade do mercado prevalecendo.

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"A oferta da Estapar é quase um 'club deal'. É um bom sinal, mas ainda não dá para dizer que é uma retomada", comenta uma fonte. Os 'club deals' são operações em que são formados sindicatos de fundos de private equity para a aquisição de companhias. No caso da Estapar, a oferta deve girar, no piso da faixa indicativa de preço, R$ 350 milhões, e a ação será precificada no dia 13 de maio. O dinheiro a ser levantado será utilizado para financiar parte dos investimentos, de cerca de R$ 600 milhões, da concessão de 15 anos da Zona Azul em São Paulo. O restante do dinheiro para esse investimento virá de outras fontes de financiamento, como crédito bancário.

A própria oferta da Estapar precisou ser redesenhada para ser lançada neste momento. Antes programada para abril, a oferta poderia chegar a três vezes o tamanho do IPO atual, e teria ainda uma tranche secundária, para a venda de participação de acionistas, movimento que foi descartado neste momento. No IPO, os próprios acionistas poderão colocar mais dinheiro na companhia, mas terão, em contrapartida, uma empresa já listada que facilitará na hora em que o desinvestimento voltar a ser oportuno, o que dependerá de preço.

No momento, a previsão é de que uma retomada das ofertas deverá ficar para o último trimestre do ano, mas com o mercado bastante seletivo para os nomes que devem vir a mercado. A própria crise trazida pelo novo coronavírus está impondo efeitos diferentes nas empresas e nos setores e isso deverá ser levado em conta na hora de "peneirar" as companhias que tentarão o IPO.

Das mais de 20 ofertas que estavam no cronograma para abrirem capital em abril, grande parte não tinha urgência na captação de recursos, com muitas delas sendo ofertas secundárias, ou seja, para a venda de participação detida por acionistas, como era o caso dos maiores IPOs que estavam na fila, a da Caixa Seguridade e do banco BV (ex-banco Votorantim). Outra parte estava com planos de captar no mercado para levantar recursos para investimentos, mas a crise deverá impor um novo ritmo para tais desembolsos.

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Ainda das ofertas que estavam em análise até o fim de março, muitas tinham por trás fundos de private equity, que decidiram lançar a oferta naquele momento para se aproveitarem do otimismo que reinava no mercado e que estava jogando os preços dos ativos para cima. Era o caso, por exemplo, da varejista de produtos de animais de estimação Petz, da Warburg Pincus, o birô de crédito Boa Vista, da TMG Capital, a Quero-Quero e Allied, investidas da Advent, e a Alphaville, do Pátria.

A janela para ofertas por aqui deverá reabrir, ainda, após uma maior valorização dos preços dos ativos listados. No momento, os investidores estão conseguindo comprar ações a preços que consideram atrativos na bolsa.

Em 2020, a B3 já foi palco de cerca de R$ 30 bilhões em ofertas de ações e quatro IPOs (Mitre Realty, Locaweb, Moura Dubeux e Priner) e a expectativa até fevereiro era de que o volume neste ano superasse os R$ 200 bilhões.

Notícia publicada no Broadcast no dia 23/04/2020 15:22

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