A Claranet, multinacional brasileira de tecnologia, registrou lucro líquido ajustado de R$ 7,1 milhões no primeiro trimestre de 2022, alta anual de 550%. O balanço é o primeiro desde que a empresa anunciou, em janeiro, o adiamento da sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). O valuation abaixo das expectativas foi o que motivou a decisão, disseram com exclusividade ao Broadcast o CEO, Edivaldo Rocha, e o CFO, Richemn Mourad.
Em um período de três a quatro meses, o valor da empresa calculado pelo mercado caiu de R$ 3,5 bilhões para R$ 2,5 bilhões, segundo Rocha. "Não vamos arriscar o nosso nome e imagem por qualquer valuation", afirmou o CEO. No entanto, a abertura de capital não está descartada. "Não foi uma desistência, foi um adiamento. Vamos aguardar os desdobramentos políticos e econômicos em meio às incertezas atuais".
Empresa projeta Ebitda de R$ 1 bilhão até 2027
Enquanto isso, o plano é continuar crescendo. A Claranet projeta um Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1 bilhão até 2027. Espera também ampliar a atual base global de 3 mil colaboradores no médio prazo. Para cinco anos, a meta é chegar a esse mesmo contingente só no Brasil, que hoje tem uma equipe de cerca de 400 pessoas.
O IPO não é uma necessidade no curto prazo, de acordo com M0urad. O CFO afirmou que a empresa tem se dedicado a executar o plano de aquisição e a crescer organicamente. A Claranet comprou duas empresas nos últimos 20 meses. "Estamos aos poucos colhendo os frutos das sinergias vindas de simplificações", disse, destacando o impacto positivo da Mandic, adquirida em abril de 2021, na receita líquida do primeiro trimestre de 2022.
O portfólio da Mandic tem um grande foco em PCS, parte da estratégia da companhia para escalar oportunidades de cross-sell e up-sell. Com isso, impulsionou a receita líquida referente a Public Cloud Solutions (PCS) - Soluções em Nuvem Pública, que somou R$ 17 milhões no trimestre, crescimento de mais de 4,7 vezes na comparação anual.
Já a receita líquida do segmento de Soluções em Nuvem Privada totalizou R$33,3 milhões no trimestre, avanço de 133,2% ante o primeiro trimestre de 2022. As soluções de cibersegurança (CSS), por sua vez, totalizaram R$4,5 milhões, 33,6% a mais na mesma base de comparação.
Entre janeiro e março de 2022, a Claranet reportou Ebitda ajustado de R$ 20 milhões, alta anual de 170%, enquanto a receita líquida cresceu 147%, para R$ 55,4 milhões. Por outro lado, as despesas operacionais saltaram 121,7% na comparação anual, para R$11,5 milhões.
Companhia vê maior demanda por cibersegurança
A empresa deve continuar a apresentar resultados sólidos nos próximos anos pois ainda há uma grande fatia do mercado a ser explorada, de acordo com Rocha. O CEO destacou que atualmente apenas 10% das empresas estão no ambiente de nuvem pública. Enquanto isso, a maior adesão à digitalização aumenta a demanda por cibersegurança, outra área de atuação da companhia.
Para continuar a surfar nessa onda, o executivo defende a importância de manter os pés no chão. Para ele, as empresas de tecnologia esqueceram de um pilar essencial. "Só focam em receita e vendas, mas é preciso ter lucro e gerar caixa para ficar de pé", disse. "Faltam companhias que tenham perenidade".
Na mesma linha, Mourad defende que o bom desempenho da empresa depende da conciliação do momento positivo para o mercado de tecnologia com a disciplina financeira. "Acreditamos em um crescimento natural e sustentável porque fazemos um trabalho de gestão e governança com um orçamento bem estabelecido", afirmou.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 20/05/22, às 15h08
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