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Bastidores do mundo dos negócios

MovilePay, ligada ao iFood, empresta R$ 350 milhões a 20 mil restaurantes

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Por Talita Nascimento
Atualização:
Comércio na região da Rua 25 de março, na capital paulista  Foto: Alex Silva/Estadão

Ao vislumbrar o massacre que a pandemia causaria em bares e restaurantes, a MovilePay - que pertence à Movile, controladora do iFood - agiu. Como os pequenos empreendedores que são a base de seu negócio têm pouco acesso a crédito, criou linhas de financiamento emergenciais. Ao mesmo tempo, percebeu que tinha em mãos um novo - e promissor - mercado. Nos 18 meses finalizados em dezembro, a fintech concedeu R$ 350 milhões em crédito, para cerca de 20 mil restaurantes.

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A MovilePay não informa quanto de sua receita é proveniente das operações de empréstimos. Porém, tem um facilitador e tanto na hora de calcular os riscos das concessões. Por meio do iFood, a financeira tem informações como faturamento, vendas e todo o histórico das operações dos restaurantes - que precisam autorizar o acesso aos dados. Assim, a MovilePay afirma que a inadimplência tem permanecido abaixo do previsto.

Os recursos são oferecidos em duas modalidades: crédito emergencial (de cerca de R$ 1 mil) e o crédito fumaça (que concede, em média, R$ 20 mil a serem pagos em 12 parcelas, com carência de dois meses). Alternativa mais relevante para a companhia, o crédito fumaça tem taxas de juros mínimas em torno de 0,99% ao mês, quando o empreendedor dá um automóvel de garantia; e 1,69%, quando não há garantia. O empréstimo sem garantia é o mais comum.

É um crédito um pouco mais barato que o disponível no mercado. De acordo com dados do Banco Central divulgados pelo Sebrae, a taxa média de juros para o segmento de pequenas e médias empresas, no quarto trimestre de 2020, foi de 2,54% ao mês para as microempresas e de 1,70% ao mês para as empresas de pequeno porte.

Daniel Bergman, CEO da MovilePay, diz que não é possível comparar a oferta de crédito que fazem hoje com a de antes da pandemia, porque a empresa se dedicou à modalidade no segundo semestre de 2020. Apesar do aumento da Selic nos últimos meses, ele afirma continuar otimista, mas admite que a taxa média oferecida aos clientes deve subir, além de já observar esse aumento em produtos de juros mais elevados.

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Bergman também não vê risco no fato de os restaurantes terem vendas e crédito provenientes de um mesmo grupo econômico, já que tanto a fintech quanto o iFood pertencem à mesma controladora, a Movile. Em caso de inadimplência, diz, os restaurantes não sofrem represálias no aplicativo. Afinal, não faria sentido barrar as vendas de quem deve dinheiro para o seu braço financeiro. Segundo ele, as políticas de venda do iFood são independentes dos contratos de crédito.

Endividamento persiste

Levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), mostra que 42% dos estabelecimentos do setor ainda faturam menos do que no pré-pandemia, enquanto 33% afirmam ter superado o desempenho de antes do início das restrições de funcionamento. O setor enfrenta problemas de endividamento e dificuldades no pagamento de impostos.

O veto da presidência da República ao Relp (programa de refinanciamento de dívidas) e o fim da lei que suspendia a exigência de certidão negativa e outros documentos por parte dos bancos para concessão de crédito criou um limbo na visão da Abrasel. Com a prorrogação do prazo para quitação de débitos, os empresários têm até o dia 31 de março para resolver as pendências - e muitos preferem esperar por uma provável derrubada do veto ao Relp no Congresso. Por outro lado, sem quitar os débitos, as empresas não têm conseguido novos empréstimos junto aos bancos.

 

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 07/02/22, às 15h33.

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