Talita Nascimento
23 de novembro de 2020 | 15h29
Fotos da loja do Pão de Açúcar Minuto na rua Pamplona. FOTO SERGIO CASTRO/ESTADÃO.
O GPA tem uma nova estratégia digital. O plano gira em torno de seu novo marketplace, espécie de shopping virtual, que deve ser desenvolvido nos próximos meses. O cronograma é ambicioso. Segundo o presidente de varejo do grupo, Jorge Faiçal, envolve o fornecimento de serviços de logística para os vendedores da plataforma, a monetização em cima de dados, a venda de mídia e ainda a criação de uma carteira digital no futuro.
A estimativa do diretor de e-commerce, Rodrigo Pimentel, é que, em três meses, existam cerca de 30 mil itens de parceiros na plataforma. Em 12 meses, a expectativa é que o número chegue a 400 mil. A operação logística para vendedores do marketplace da companhia deve começar no primeiro trimestre de 2021, segundo Faiçal. No momento, o marketplace está em funcionamento, mas o grupo ainda não opera a distribuição dos produtos de parceiros.
Os especialistas dizem que essa notícia influencia a corrida dos ecossistemas de varejo brasileiros. “Estávamos prevendo. Vimos as empresas de bens duráveis aumentando seu sortimento e avançando sobre o setor de supermercados”, diz Eduardo Yamashita, diretor de operações da consultoria de varejo Gouvêa. “Agora é o movimento contrário: supermercadistas buscando aumentar o sortimento e ganhar mais share of wallet (quanto o cliente gasta em seu ecossistema).”
O concorrente Carrefour também anunciou recentemente um novo plano de transformação digital. Na comparação com o GPA, ele sai na frente por ter um marketplace para o braço de atacarejo, o Atacadão. Essa plataforma é voltara para a venda para outros negócios, no modelo “B2B” (de empresa para empresa, na expressão em inglês). No entanto, o modelo proposto pelo GPA conta com o James Delivery, que opera a última milha de entrega, pilar importante na composição de ecossistemas digitais. Fontes do setor avaliam que a maior diferença de estratégia entre as duas é que o Carrefour busca ser uma plataforma de referência no ramo de alimentos, enquanto o GPA tenta diversificar suas receitas e avançar sobre outros setores.
Para Walter Sabini Jr., presidente da HiPartners Capital & Work, os ecossistemas têm de desenvolver ao menos quatro pilares: tecnologia, meios de pagamento, venda de mídia e oferecimento de logística, pontos que o projeto do GPA pretende abordar. Para ele, o dono das marcas Pão de Açúcar e Extra entra na corrida com vantagens competitivas em dados e recorrência de compra, na comparação com as empresas de bens duráveis. Por outro lado, as plataformas dessas empresas que chegaram antes na corrida digital têm seus demais pilares mais desenvolvidos.
O CEO de varejo do GPA, Faiçal, disse – no evento de divulgação – que a empresa já monetiza seus dados como forma de insights para fornecedores, no entanto, com a transformação digital da companhia, isso pode passar de uma receita marginal para um negócio, de fato. “Vamos, sim, passar a fazer monetização de mídia”, disse no evento. A ideia é que os anúncios sejam hiper personalizados, baseados nos dados de compras dos usuários da plataforma.
Já para a futura carteira digital do grupo, ele afirmou que a empresa ainda analisa o mercado e a competição das várias carteiras que existem, além de aguardar para entender os efeitos do PIX e do open banking no setor. Aqui, o concorrente Carrefour também indicou que deve fazer lançamentos, com uma conta digital por meio do Banco Carrefour.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, a estratégia do GPA faz sentido. “Eles buscam estabelecer sinergias entre as vendas recorrentes e de menor tíquete médio que já tem, com as de menor recorrência e maior tíquete”, diz. Segundo ele, dessa maneira, os supermercadistas aumentam sua base de consumidores e fortalecem esse ambiente almejado de ecossistema.
Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia19/11/2020, às 12:02:31 .
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