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Bastidores do mundo dos negócios

Nova safra de IPOs traz endividadas atrás de dinheiro para quitar débitos

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Por Altamiro Silva Junior (Broadcast)
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 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Em meio a um ambiente de dinheiro farto no mercado, a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), tem sido encarada por mais empresas como uma alternativa de captação de recursos para o pagamento de dívidas, e não apenas como uma maneira de apoiar novos investimentos. Das cinco últimas operações que entraram em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), quatro já disseram que usarão os recursos obtidos junto a investidores na Bolsa para quitar passivos: a rede de restaurantes Madero, a petroquímica Unigel, a empresa de balas e doces Dori e a farmacêutica Althaia. As quatro companhias esperam estrear no mercado a partir de setembro e captar ao menos R$ 5 bilhões em suas ofertas.

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O Madero planeja usar metade do dinheiro que pretende captar na oferta primária (quando os recursos vão para o caixa da empresa), para reduzir seu passivo, que era de R$ 1,8 bilhão no fim de junho. A oferta de ações é estimada em, ao menos, R$ 2 bilhões.

Um interlocutor do empresário paranaense Junior Durski, dono do Madero, afirma que a rede foi muito atingida pela pandemia e, mesmo assim, resolveu seguir com o plano de abertura de lojas. Investimento em alta e queda na receita por conta das medidas de distanciamento fizeram a alavancagem ir às alturas. Só na primeira metade do ano, a dívida da rede de lanchonetes subiu 40%.

A Dori, dona de marcas como Disqueti, Boleti e das pastilhas Gometz, não revela o porcentual dos recursos a serem obtidos no IPO que pretende destinar para pagamento de dívidas. Mas planeja quitar R$ 120 milhões em debêntures que vencem em 2025. A expectativa é de captar R$ 1 bilhão no IPO.

Já a Unigel, que pode captar R$ 1,5 bilhão, pretende usar parte do IPO para "aprimoramento da estrutura de capital", inclusive com a quitação de dívidas, que somavam R$ 3 bilhões no fim do primeiro semestre e cresceram 16,7% em um ano. No começo de 2021, a empresa captou US$ 110 milhões em bonds (títulos de dívidas emitidas no mercado internacional). A Althaia, por sua vez, pretende utilizar 10% do que captar para melhorar seu endividamento.

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Transparência

Para banqueiros de investimento, que ganham dinheiro com os IPOs, usar parte dos recursos captados para pagar dívidas não é um problema, é claro. Desde que o plano seja claramente sinalizado ao mercado. "Não tenho nenhum preconceito de que uma empresa que está enfrentando problema de endividamento busque uma solução no mercado de capitais", afirma o vice-chairman de banco de investimento e responsável pela área de mercado de capitais do Credit Suisse, Ivan Monteiro. Com a maior transparência possível, é preciso mostrar ao investidor quais são os desafios de cada uma dessas empresas.

Pelo lado dos investidores, gestores avaliam que não dá para comprar ações no IPO de uma empresa que tem planos unicamente de reduzir dívida. Se a companhia tiver uma história de crescimento interrompida na pandemia, mas com a mesma trajetória adiante, e a redução de passivo facilitar a expansão do negócio, dá para entrar. Porém, não a qualquer preço.

Esta nota foi publicada no Broadcast+ no dia 12/08/21 às 18h20.

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