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Bastidores do mundo dos negócios

Oferta do IRB deve ficar em R$ 1,2 bi, mas investidores pedirão desconto

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Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Matheus Piovesana (Broadcast) e Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:

 

O anúncio de que o IRB Brasil Re avalia uma nova oferta de ações derrubou os papéis da resseguradora em 10%, maior queda da B3 nesta segunda-feira. A emissão deve ser da ordem de R$ 1,2 bilhão e será feita novamente para atender à necessidade de capital para aumentar a chamada suficiência regulatória, que a grosso modo indica a sustentabilidade de suas operações. O anúncio não foi exatamente uma completa surpresa. Nas últimas divulgações de resultado, a resseguradora vinha sendo questionada sobre a necessidade de buscar recursos e os próprios relatórios de analistas já falavam dessa possibilidade. O cenário delicado causado pela reestruturação que a empresa passa desde 2020 foi agravado, neste ano, por números negativos dos negócios no resseguro rural, afetados pela seca.

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A oferta de ações pode acontecer ainda este mês, mas a possibilidade de aumento de capital é discutida internamente desde o começo do ano. Há alguns meses, Itaú BBA e Bradesco BBI, os bancos de investimento dos dois maiores acionistas do IRB, foram contratados para sondar a capitalização da empresa. O aumento do capital foi a alternativa mais viável por ora.

Empresa teve prejuízo de R$ 273 milhões

De acordo com uma fonte, para emplacar a operação, será preciso um bom desconto em relação ao preço do papel, que começou o dia cotado a R$ 2,15. Os maiores acionistas devem entrar na oferta. Em maio, a empresa teve prejuízo de R$ 273,1 milhões, revertendo lucro de R$ 7,5 milhões no mesmo mês do ano passado.

De janeiro a março, a resseguradora foi afetada pelos pedidos de indenização no segmento rural, que saltaram 81,8%, para R$ 329,7 milhões no País. Segundo o IRB, as perdas vieram de culturas como a soja, e aconteceram principalmente na Região Sul do País e no centro-sul do Mato Grosso do Sul.

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O mesmo efeito foi observado nas seguradoras que operam no segmento, e que fazem um "seguro" de suas apólices com as resseguradoras, dentre as quais o IRB é líder.

Este efeito se abateu sobre a empresa em um momento de reestruturação. Desde a descoberta de fraudes contábeis, em 2020, o IRB busca uma exposição maior ao Brasil e a países da América Latina em seu balanço. O problema é que os contratos cancelados de lá para cá ainda geram pedidos de indenização, que a companhia é obrigada a atender porque, embora sejam feitos após o cancelamento, se referem a eventos ocorridos durante a vigência do contrato.

Para reduzir a necessidade de capital, o IRB tem feito cessões de apólices, a chamada retrocessão. No primeiro trimestre, as despesas com esse tipo de operação chegaram a R$ 606,7 milhões, alta de 53,1% em um ano diante da transferência de contratos em prejuízo.

Em 2020, o IRB levantou R$ 2,3 bilhões em uma emissão privada de ações, também para suprir necessidades de capital. À época, cada papel saiu a R$ 6,93, mais de três vezes o preço nesta segunda.

Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 15/08/2022, às 16:48.O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

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