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Bastidores do mundo dos negócios

Ofertas de ações atingem R$ 95 bi e recorde é alcançado

Apesar da pandemia e da crescente volatilidade do mercado, o volume de ofertas de ações na bolsa brasileira chegou perto dos R$ 95 bilhões, o recorde histórico anotado no ano passado. Ao todo, já são vinte novatas na B3 apenas neste ano, o maior número de estreias em mais de 10 anos. Apenas na quinta-feira, dia 7, foram precificadas duas ofertas: o Grupo Mateus com uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e a oferta subsequente (follow on) da Natura. Juntas, elas movimentaram R$ 10 bilhões, levando o volume total de ofertas no ano, considerando também as subsequentes, cerca de R$ 95 bilhões. O volume total teria sido muito melhor se outras empresas não tivessem voltado atrás com seu planejamento por conta do contexto de mercado.

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Por Fernanda Guimarães
Atualização:

O IPO do varejista nordestino Grupo Mateus, de R$ 4,6 bilhões, foi a maior abertura de capital deste ano e desde o seu lançamento contou com grande apetite por parte dos investidores. A ação estreia na B3 amanhã, dia 13. Com um impulso das ofertas jumbo deste ano, 2020 bateu o recorde histórico de volume movimentado mesmo com a pandemia e toda a volatilidade enfrentada. A conta desconsidera os volumes de 2010, visto que o dado foi distorcido por conta da megacapitalização da Petrobras, de mais de R$ 120 bilhões.

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Ao contrário do observado no ano passado, quando os volumes de captações vieram de ofertas subsequentes, neste ano os IPOs marcaram presença. Mesmo com a volatilidade que cresceu nas últimas semanas, cerca de 10 empresas estão na rua na tentativa de emplacarem suas aberturas de capital. Em 2019, foram apenas cinco novatas ao todo. E o volume total deste ano não considera, ainda, o aumento de capital privado da Natura em junho, que somou R$ 2 bilhões, nem mesmo o leilão em bolsa (block trade) de ações da Vale, de mais de R$ 7 bilhões para venda de uma participação detida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

No final do ano passado, as estimativas para 2020 eram bastante otimistas, com o impulso da atividade de mercado de capitais com os juros em trajetória de queda, empurrando mais investidores em busca de ativos de mais risco por rentabilidade. Os bancos de investimento estimavam, tendo em vista as empresas que já estavam, naquele momento, com instituições financeiras contratadas para a realização de suas ofertas, que o volume de emissões chegaria ao recorde de R$ 200 bilhões, mais do que o dobro do visto em 2019.

Depois de um início de ano bastante movimentado, a pandemia de covid-19 paralisou o mercado de capitais, com o aumento rápido da volatilidade, que levou a bolsa brasileira a registrar seis circuit breakers em oito pregões em março, que são as paradas das negociações quando a queda do índice bate 10%. No entanto, com os estímulos sem precedentes conduzidos pelos Bancos Centrais ao redor do mundo, com trilhões de dólares injetados na economia, o mercado reagiu, trazendo as ofertas de volta já em junho e com um ritmo bastante acelerado.

"O mercado de capitais tem se mostrado uma importante fonte de captação e um grande aliado das companhias para seguirem com suas estratégias de expansão, num ambiente de inflação sob controle e taxa de juro baixa suportado pela disciplina fiscal do nosso país", disse nessa semana o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, em cerimônia de estreia da empresa de logística Sequóia, que movimentou R$ 1 bilhão.

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Agora, com o aumento da volatilidade com uma segunda onda de disseminação da covid-19 e aumento das incertezas em relação ao rumo das dívida pública brasileira, muitas ofertas acabaram voltando para a gaveta e irão esperar um momento menos turbulento para levarem suas empresas para precificação. Muitas empresas na fila vislumbram dezembro, como a Rede D´Or, que pode movimentar R$ 10 bilhões. A Havan, que adiou a oferta, também pode seguir com seus planos no último mês do ano, disse uma fonte.

No entanto, o mercado não parou. Nesse momento, disse uma fonte, foram mantidas as ofertas que já tinham demanda entre investidores, algo que foi observado nas empresas com perfil de tecnologia, que precificarão suas ofertas até o início de novembro, tal como a empresa de cashback Méliuz, o e-commerce de moda usada Enjoei.com e a e-commerce de vinhos Wine. Os gestores têm buscado diversificar seus portfólios e as empresas digitais têm a cada dia ganhado mais atenção e espaço nas carteiras.

 

Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 08/10/2020 às 16:07:26 .

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