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Bastidores do mundo dos negócios

Original recebe aporte de R$ 500 mi e deve prescindir de recursos da JF

 

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Por Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:

Banco teve o primeiro lucro anual de sua história em 2021  Foto: Felipe Rau/Estadão

O banco Original, que pertence ao grupo J&F, da família Batista, atraiu R$ 500 milhões de um único investidor privado. O nome do dono desse fundo exclusivo foi mantido em sigilo pela diretoria da instituição, que afirmou não ser o da família controladora do grupo. Com o primeiro lucro anual de sua história e os novos recursos, o banco espera que os donos não precisem mais fazer aportes, como aconteceu até 2020. Além de cobrir as perdas, o dinheiro dos Batista permitia ao Original aumentar a oferta de crédito. No ano passado, o banco teve lucro de R$ 88 milhões, com a reversão das perdas R$ 247 milhões de 2020. Segundo o presidente do banco, Alexandre Abreu, é esperado lucro novamente em 2022.

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Para a capitalização, o Original emitiu em fevereiro uma letra financeira subordinada nível 2, de R$ 500 milhões. Nesse tipo de operação, os recursos podem ser usados para compor o capital prudencial exigido pelo Banco Central, o que permite maior expansão no crédito. O papel teve prazo médio de 13 anos, bem acima da média para esse tipo de operação, de três anos.

"Caminhar com as próprias pernas"

Com o aporte, o índice de Basileia (que mede o capital necessário para fazer face ao crescimento do crédito) do Original deve ir a 12,5%. No fim de 2021, o índice estava em 11,1%, pouco acima do mínimo exigido pelo BC. A expectativa agora é que o banco "caminhe com as próprias pernas", segundo o diretor de relações com investidores, Marcelo Lo Duca.

Para manter o balanço no azul, a estratégia do Original é continuar como banco digital, mas com cobrança de tarifas, diferentemente de alguns concorrentes. No ano passado, a arrecadação do Original nessa área cresceu 141%.

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Segundo Abreu, sem a entrada de recursos de tarifas e serviços, possivelmente ainda haveria prejuízo ou o lucro teria sido bem menor. "Não se pode subvencionar algo que obriga tirar receita de outro lugar", diz ele. Para depender menos do crédito, a isenção de tarifas é concedida a quem usa mais os serviços.

A meta do Original é chegar a 10 milhões de clientes em 2022, salto de 75% em relação ao ano passado, quando alcançou 5,7 milhões. A carteira de crédito ficou em R$ 12,8 bilhões em 2021, com expansão de 67%. A meta para 2022, mesmo com a expectativa de economia mais fraca, é que a carteira chegue em R$ 18,4 bilhões.

No banco digital para pessoa física, o Original terminou 2021 com 5,4 milhões de clientes, crescimento de 39% ante 2020. Para 2022, a meta é que as receitas brutas somem R$ 3,48 bilhões, o dobro do ano passado. Para isso, os custos devem subir 28%, principalmente com marketing.

A tendência é que o varejo ganhe ainda mais espaço dentro do banco. Em 2018, o atacado (grandes empresas) respondia por 93% da carteira de crédito e o varejo era incipiente. No ano passado, o atacado ficou com 50% das operações e o varejo chegou a 30%. Além dessas duas áreas, o Original opera em mais três segmentos: não correntistas, empresas e 'bank as a service'. Nessa modalidade, presta serviços bancários a cerca de 70 fintechs e outras instituições.

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