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Bastidores do mundo dos negócios

Pagamento por uso de rede deve afetar pouco o avanço da geração distribuída de energia

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Por Ludmylla Rocha
Atualização:
Adesão a sistemas de energia solar tem crescido no País   Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O início do pagamento pelo uso da rede de distribuição pelos consumidores que aderirem à chamada Geração Distribuída (GD), implantada, sobretudo, via fonte solar, a partir do ano que vem não deve ser um freio ao crescimento do segmento nos próximos anos, de acordo com empresas que atuam no setor.

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"A gente entende que a competitividade da solar vai continuar, até porque o Brasil se sofisticou muito de soluções financeiras a técnicas. A gente está preparado para os próximos anos quando esses passos  de incremento de fio vão acontecer", disse o presidente da HDT Energy no Brasil, Leonardo Cyrino, ao Broadcast Energia.

A companhia é a representante exclusiva da Huawei no Brasil no setor e planeja dobrar o faturamento com venda de equipamentos de energia solar no País até 2023, atingindo os R$ 3 bilhões, com 2 gigawatts (GW) de potência instalada.

A atualização nas regras do segmento está prevista da Lei 14.300, de 6 de janeiro de 2022, conhecida como marco regulatório da microgeração ou minigeração distribuída. A legislação prevê que, em 2023, terá início uma transição, de modo que os sistemas de GD implantados a partir dessa data passem a pagar pelo uso da rede, que até a então será isenta. No primeiro ano, o pagamento será de 15% da remuneração às distribuidoras. Depois, o índice aumenta 15 pontos porcentuais por ano até alcançar a integralidade em 2029.

Contexto macroeconômico afeta setor

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Segundo Cyrino, mesmo neste ano, no qual há uma corrida para garantir o benefício, outros fatores impactaram negativamente o crescimento do segmento que, ainda assim, chegou esta semana a 12,57 gigawatt (GW) de potência instalada, o que corresponde a um crescimento de 37% em relação aos 9,16 GW anotados no fim de 2021, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

"Ao mesmo tempo em que houve uma corrida natural por conta da legislação, a gente teve um ano muito duro também com relação ao preço de commodities, ao próprio câmbio e aos custos de fretes marítimos. De certa forma, essa corrida foi um pouco compensada por essa situação toda", avaliou. Nesse contexto, ele espera manter as taxas atuais de retorno adaptando as curvas de prazo caso os "desafios" deste ano se mantenham.

O entendimento é similar ao do presidente da Solfácil, empresa de soluções solares, Fabio Carrara. "O setor tem alguma volatilidade em relação ao ambiente macro[econômico], mas nada que o pare. Causa mais alguns efeitos momentâneos de preço no kit ou juros na taxa de juros", disse. Em relação à transição, Carrara entende que não é "algo que vá impedir que o setor continue crescendo muito forte".

"Não sei se as pessoas têm dimensão, mas no ano passado, o setor de geração distribuída no Brasil se tornou o terceiro maior mercado do mundo colado com os Estados Unidos. A gente está à beira de se tornar o segundo maior mercado do mundo, só atrás da China. E acreditamos que a tendência é de crescimento contínuo, e essa transição gradativa não vai impedir que o setor cresça", completou.

A empresa. que atua, entre outras frentes, no financiamento da energia solar, soma atualmente aproximadamente 50 mil clientes e espera dobrar o número até o fim deste ano. E a estimativa é atingir  um milhão de clientes em cinco anos.

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Nova regra  traz custo, mas outros fatores podem compensar

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Para executivo responsável pela Enel X Brasil, Francisco Scroffa, ainda que a nova regra traga um custo, é preciso considerar a melhora nos outros gastos, da própria eficiência e a queda no custo específico da tecnologia ao longo dos próximos anos para calcular o retorno dos projetos.

"Temos que avaliar outras questões, como custo da tecnologia e se as condições financeiras são melhores nos próximos anos para ver se balanceia. Na verdade, temos que fazer caso a caso. Se olharmos somente o componente da rede, o custo vai subir, mas tem que ver todos os elementos que fazem parte do business case para entender o impacto final", disse.

Além disso, afirmou,  também é preciso considerar a ampliação das iniciativas de eletrificação em diversas frentes e as novas possibilidades de negócios como um modelo de assinatura para a adesão de energia via geração distribuída.

Scroffa reconhece que  na eventual manutenção de um ambiente econômico menos favorável pode haver uma maior seleção de projetos. "Eu acredito que as coisas fundamentais não vão mudar muito, não vão atrasar muito. Mas o mercado vira mais seletivo nos projetos. [...] Não é que não vamos fazer, vamos fazer, sim. Mas quando o projeto está muito no limite, temos que buscar um jeito de fazer. Vamos ter mais escrutínio para cada um desses projetos para realmente investir naqueles que sejam bem pensados", concluiu.

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Este texto foi publicado no Broadcast Energia no dia 25/08/2022, às 10h01.

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