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Bastidores do mundo dos negócios

Participação de empresas do setor de saúde na B3 mais que dobra em dois anos

Por Luisa Laval
Atualização:
Notredame intermédica fez 14 aquisições desde 2020    Foto: Aline Bronzati/AE

O crescimento do interesse pelo setor de saúde se traduz também nas cifras da B3: com uma capitalização de mercado em torno de US$ 65 bilhões no Ibovespa, o setor representou 6,7% da bolsa brasileira nos últimos 12 meses (até setembro), período em que a B3 acumulou valor superior a US$ 961 bilhões. A participação é mais do que o dobro da registrada em 2019 (2,5%) e mais do que o triplo da de 2016 (1,9%).

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Os dados são do Panorama do Setor da Saúde, relatório elaborado pela RGS Partners, butique de M&A especializada em middle market (transações entre R$ 50 milhões e R$ 500 milhões).

Mas o setor de saúde na bolsa brasileira ainda é menos representativo do que em outros mercados, como os EUA. Na Nasdaq, a participação das empresas de saúde nos últimos 12 meses foi de 8,8% (de um total de US$ 23,8 trilhões) ante 8,7% em 2020. Essa fatia chegou a representar 14,8% em 2016.

Para Renato Stuart, sócio-fundador da RGS Partners, o crescimento recente do setor se deve a um conjunto de razões: maior quantidade de ofertas públicas, tanto iniciais (IPOs) quanto subsequentes (follow on), permissão para investimento estrangeiro nas empresas a partir de 2015 e disputa por fusões e aquisições (M&A).

"Hoje em dia, quando você pergunta para qualquer fundo de private equity onde quer investir, ele diz que é no setor de saúde. É uma questão demográfica: o Brasil, de fato, será um país que vai envelhecer mais rápido, e ainda tem uma taxa de penetração de saúde privada baixa. Com a possibilidade de entrada de capital estrangeiro, cada vez mais fundo se estuda o setor, e aumenta a competição saudável entre os concorrentes", afirma.

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A RGS mapeou que só neste ano empresas do setor captaram US$ 4,943 bilhões, entre seis IPOs e três follow ons. A maioria delas, de acordo com o Stuart, com a participação de algum private equity.

Ele diz que "antigamente o setor de saúde era o 'patinho feio' dentro dos bancos: ninguém queria cobrir e havia poucas transações". Mas, ele acrescenta, "hoje o setor é um dos principais sob a ótica de fusões e aquisições. De 2019 em diante, a penetração do setor aumenta, e essa representatividade só tende a aumentar".

Julian Tonioli, sócio da consultoria Auddas, avalia que ainda há grande potencial para os planos de saúde ampliarem a penetração no País. "Tivemos o crescimento nos últimos anos da penetração de planos de saúde de maneira geral no Brasil: saímos de perto de 40 milhões para perto de 47 milhões de brasileiros com planos de saúde nos últimos dois anos. É um crescimento relevante, mas ainda há muito espaço para crescimento, considerando a população economicamente ativa", aponta.

Fusões e aquisições

O levantamento da RGS também analisou 34 das 60 transações de fusões e aquisições (foram consideradas as que possuem informações públicas) registradas no setor de saúde desde o início de 2021. Somadas, as que tiveram valor divulgado superam a marca de US$ 12,5 bilhões.

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Dessas, 19 ocorreram entre julho e setembro, o que tem mostrado um aquecimento ainda maior do setor de saúde. "Se continuarmos nesse ritmo, ao que tudo indica, teremos um ano de recorde", afirma o sócio da RGS. Até então, o ano com o maior número de transações no segmento foi o de 2019, com um total de 73 M&As.

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Entre as companhias que mais foram às compras estão a Rede D'Or, que desde 2020 realizou 18 transações, seguida por NotreDame Intermédica, com 14; Dasa, com 11; e Hapvida, com 10.

Segundo Stuart, investidores continuam de olho em transações que envolvam ampliação e desenvolvimento de serviços médicos. "Temos visto muita gente apostando no Brasil em telemedicina e primeiro atendimento, para conseguir montar algo rentável e que se consiga ter uma medicina mais preditiva".

Ele espera que haja grande volume de investimentos em tecnologia, com aprimoramento de gestão de dados e unidades. "Há procura por soluções para processos internos, protocolos e automação dentro de hospitais. O fluxo de papel ainda é muito relevante, então tem muito a ser feito de melhoria de gestão. Por último, há coleta de dados: há muita informação disponível, mas ainda é preciso trabalhá-la e aprofundá-la", conclui.

Para Tonioli, da consultoria Auddas, o mercado brasileiro deve observar consolidação ainda mais forte nos próximos anos, visto que tem mais espaço para crescer do que países como os Estados Unidos. "Podemos falar que o mercado brasileiro tem abaixo de 25% de consolidação, enquanto o mercado americano tem mais de 50% em torno de grandes grupos. Aqui, uma das maiores redes, a Rede D'Or, possui cerca de 50 hospitais, enquanto vemos nos Estados Unidos redes com mais de 220. Há grande espaço e muita fragmentação", destaca.

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Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 05/11, às 15h28.

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