Com a menor turbulência nos mercados, a Petrobras estuda retomar o plano de captar recursos no mercado de dívida local, por meio da emissão de debêntures de infraestrutura, que isentam os investidores de imposto de renda. A petroleira ensaiou essa operação em maio, dois meses após ser decretada pandemia pelo novo coronavírus, mas abandonou os planos ao perceber que perderia eficiência de custo. Isso porque a maior parte dos papéis seriam colocados junto aos bancos e não diretamente no mercado, no qual a competição dos investidores pode melhorar o preço da captação. Não existe decisão tomada e tampouco está descartada nova captação externa, já que não faltam investidores dispostos a adquirir papéis da petroleira, que sempre foi o de maior peso na carteira de fundos emergentes.
Pano de fundo. Entre os motivos que poderiam levar a estatal a seguir com a operação está o programa de recompra de bonds no montante de até US$ 4 bilhões, anunciado na semana passada. Hoje, a companhia informou que propostas equivalentes a um montante de US$ 3,5 bilhões já haviam sido entregues pelos investidores e aceitas pela companhia e um montante adicional de US$ 4,8 bilhões havia sido apresentado para troca, que a empresa analisa.
Vou ou não vou? O comum é que as recompras sejam financiadas pela emissão de novos bonds. Mas a Petrobras fez poucas sinalizações até o momento sobre o próximo passo. Depois de desistir da emissão de R$ 3 bilhões em debêntures incentivadas em maio, a Petrobrás levantou US$ 3,25 bilhões com uma emissão de bonds de 10 anos e 30 anos, atraindo a espetacular demanda de US$ 16 bilhões. Além de ser um nome bastante apreciado no mercado externo, foi a primeira captação lá fora feita por empresa brasileira em meio a turbulência do covid-19.
Mais azul. No mercado local, ao contrário de maio e dos últimos meses, a Petrobras pode encontrar um cenário menos nervoso e com custos melhores. As emissões de debêntures, especialmente as incentivadas, têm tido boa demanda. A oferta de papéis pode ser feita para um público amplo de investidores e não somente os qualificados. A Eneva, por exemplo, está com uma emissão de R$ 835 milhões em debêntures de infraestrutura, para distribuição ampla, em andamento. Procurada, a Petrobras não comentou.
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