Em 2019, o Brasil produziu 908,2 milhões de pares de calçados, com crescimento discreto em relação a 2018, de 0,4%. Em 2020, porém, a expectativa é de queda de 21% a 29,2%, o que levará o setor ao patamar de 16 anos atrás, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Segundo o presidente executivo da instituição, Haroldo Ferreira, a força de trabalho já encolheu em 35 mil postos, em torno de 13% do total, mas deve ter ainda mais perdas.
Atraso em reformas estruturais já havia comprometido crescimento
No relatório anual, a Abicalçados diz que 2019 teve crescimento baixo em razão de "atrasos de reformas estruturais importantes para o resgate da confiança do empresariado e do consumidor". Se o último ano já frustrou as expectativas do setor, 2020 promete ser ainda mais difícil.
Segundo Ferreira, além de a indústria calçadista ter a produção restrita em alguns municípios e Estados, a área sofreu com a falta de demanda, por ser muito dependente das lojas físicas. A indústria está voltando a produzir, agora, em cerca de 30% de sua capacidade.
Para fabricantes, mercado interno se recupera antes do exterior
O número de pares exportados, que em 2019 cresceu 11% para os Estados Unidos, também deve demorar a se recuperar. Para Ferreira, o mercado interno deve se recuperar antes das exportações, apesar de haver indicações de resistência aos produtos chineses, o que pode aumentar nossas vendas para os Estados Unidos e Europa.
Para sobreviver ao período difícil, as indústrias fazem uso da MP 936 e buscam crédito. Mas as duas soluções parecem limitadas. Quanto à MP que permite suspensão de contratos e cortes de jornada e salários, o setor pede o prolongamento de sua validade. Já em relação ao crédito, as indústrias têm dificuldades de apresentar as garantias exigidas pelos bancos.
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