A Return Capital, empresa do Santander Brasil, arrematou mais de R$ 4 bilhões em carteiras de empréstimos vencidos e não pagos do concorrente Bradesco, apurou o Estadão/Broadcast. Conhecidos como "créditos podres", por não terem sido honrados por seus devedores, esses ativos são ofertados a compradores especializados, que formam o chamado mercado distressed, após tentativas de renegociação sem sucesso.
Mais desenvolvido em outros países, o segmento ganhou tração nos últimos anos no Brasil, em meio a crises que obrigaram os bancos a serem mais ativos na recuperação do crédito e desovar os tidos como problemáticos diante da dificuldade de elevar a oferta. A venda da carteira do Bradesco, um dos grandes bancos que passou a ser mais efetivo neste mercado, está entre as maiores já negociadas no País. A operação foi assessorada pela consultoria Deloitte.
No mercado de crédito podre, negociações entre rivais são comuns
Com mais de R$ 4 bilhões de valor de face, ou seja, da somatória das dívidas em atraso, o lote compreendeu 15 carteiras, principalmente de créditos a pessoas físicas e operações de cartões. O montante pago, porém, não foi revelado. Não é a primeira vez que a Return, do Santander, adquire operações do Bradesco. No mercado de crédito podre, a negociação entre grupos tido como rivais no universo financeiro são frequentes uma vez que cada um tem seu próprio braço especializado para atuar neste segmento.
Nesta semana, o destaque ficou por conta do investimento minoritário da XP na Jive Investments, especializada em ativos problemáticos e com mais de R$ 8 bilhões sob gestão. O valor do negócio também não foi revelado. Servirá de ponte para a Jive entrar no varejo via os investidores pessoas físicas da maior corretora do País.
Nos últimos anos, o setor de crédito podre ficou mais em evidência no Brasil diante do reforço dos grandes bancos neste segmento ao estruturarem seus próprios braços de recuperação de crédito. Enquanto o Itaú Unibanco aproveitou a crise do BTG Pactual para arrematar a Recovery, o Santander comprou a gestora Ipanema, atual Return. Já o Bradesco fechou o ciclo ao adquirir o controle da RCB Investimentos.
Procurado, o Bradesco não se manifestou sobre a transação. A Return, do Santander, também não comentou.
Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 27/06/2021, às 16:46:24.
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