A saída do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) do capital da AES Tietê contará com um desafio adicional para o candidato a fechar o negócio. A escritura dos contratos das debêntures da companhia - que são da ordem de R$ 4 bilhões - contém uma cláusula que prevê antecipação dos vencimentos, caso o banco de fomento deixe de ser acionista da distribuidora de energia.
Há algumas semanas, o BNDES contratou o BR Partners como assessor financeiro para a venda de sua fatia de 28,41% do capital total da empresa e as conversas com interessados vêm acontecendo. Nos bastidores, essa antecipação não vem sendo encarada como um problema, já que o comprador poderá negociar vencimentos com os credores ou mesmo substituir a dívida.
A AES Corp tem 24,35% do capital total da AES Tietê e negocia a aquisição. A companhia norte-americana, porém, teria mais dificuldades financeiras do que as concorrentes para completar a transação, comenta-se no mercado. Só que a AES Corp tem grande interesse na fatia do BNDES.
Se conseguir fechar a compra, bloqueará a Eneva. Neste ano, a empresa fez uma oferta hostil para aquisição das ações da AES Tietê, em recente imbróglio societário que precisou, até mesmo, de posicionamento da B3. A fatia do BNDES na geradora de energia vale um pouco mais de R$ 1,5 bilhão na Bolsa.
A Eneva continua olhando com muito interesse à AES Tietê e pode, ainda, fazer um novo movimento para a aquisição - é o que se espera. Sua primeira empreitada acabou gerando um grande debate público que acabou reunindo os principais nomes do direito societário de importantes bancas do País para discutir as regras de listagem do Nível 2, da B3. Procurados, AES, Eneva e BNDES não comentaram.
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