EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Bastidores do mundo dos negócios

Telecom investe no 6G com o sonho de tocar, ouvir e sentir o cheiro de hologramas

PUBLICIDADE

Foto do author Circe Bonatelli
Por Circe Bonatelli (Broadcast)
Atualização:
Estande da Nokia no MWC simula holograma gerado por sensores 6G/ Foto: Diana Koll/Nokia

Enquanto o sinal do 5G é ativado mundo afora, a indústria de telecomunicações já começa a dar os primeiros passos nas pesquisas que abrirão as portas para a nova geração de internet móvel: o 6G. A expectativa é que essa nova tecnologia seja uma realidade no fim da década.

PUBLICIDADE

Cada geração de internet tem proporcionado mudanças na maneira como as pessoas (e as máquinas) se conectam. As eras do 2G e 3G deslancharam a comunicação móvel por voz e texto. Já o 4G será lembrado como a era do consumo massivo de dados, sem os quais não existiriam mapas de trânsito em tempo real, nem bancos digitais, por exemplo.

A chegada do 5G promete uma velocidade de tráfego de dados até 100 vezes maior à do 4G, associado a um tempo de resposta entre os dispositivos praticamente instantâneo. Isso será aplicado principalmente na automação de processos produtivos, o que interessa muito a setores como indústria, mineração, logística e agricultura, entre outros. Logo, logo será comum ver um caminhão sem motorista ou um drone pulverizando lavouras com precisão.

E o 6G? Por enquanto, o que existe é um rascunho. Mas as pesquisas apontam para uma integração ainda maior entre o mundo físico e digital, com experiências sensoriais dignas de filmes de ficção científica.

'Gêmeo digital'

Publicidade

Empresas como Ericsson, Nokia e Huawei estão trabalhando para desenvolver redes com sensores capazes de "escanear" as características dos objetos - como a dimensão, a temperatura, a densidade e até sons e odores emitidos - e a partir daí gerar cópias fiéis em hologramas (o chamado "gêmeo digital", no jargão dos pesquisadores).

"Eu poderia estar aqui conversando com uma projeção sua, sentada na cadeira bem na minha frente, independentemente de onde você esteja de verdade", exemplificou o presidente da Ericsson para o Brasil, Rodrigo Dienstmann, em entrevista ao Broadcast. "Vai ser possível ver, tocar, ouvir e sentir o cheiro das pessoas, como se elas estivessem de verdade na minha frente".

A multinacional sueca Ericsson é uma das líderes em patentes de 6G no mundo e fechou recentemente parceria com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, para pesquisas na área. A telepresença é justamente uma das potenciais aplicações do 6G que fazem parte dos estudos da companhia e que foram exibidos em seu estande na World Mobile Congress (MWC), maior feira de telecomunicações do mundo, na cidade de Barcelona. A previsão é que a telepresença sirva para reuniões de trabalho, tratamentos médicos, construção e manutenção de equipamentos e, claro, para matar a saudade de pessoas queridas que estão distantes.

A finlandesa Nokia também reservou um espaço importante de seu estande no MWC para esboçar casos de uso do 6G. Ali, um visitante pode experimentar um scanner que projeta seu corpo em um telão, simulando o tal do "gêmeo digital". "Com o 6G, as antenas não vão só transmitir dados, mas também vão funcionar como sensores. A rede poderá 'sentir'", disse à reportagem o presidente da multinacional na América Latina, Osvaldo di Campli. "É algo que devemos esperar para em torno de 2030."

Movimento global

Publicidade

Outras entidades também estão se movimentando ao redor do mundo. As empresas AT&T, Samsung, Qualcomm, Nvidia e InterDigital se uniram à Universidade do Texas para criar um centro de pesquisas em 6G. Há outro grupo nos Estados Unidos denominado "Next G Alliance" (Aliança do Próximo G), que está investigando como ativar essa futura infraestrutura de antenas e sensores dentro de níveis sustentáveis de consumo de energia.

PUBLICIDADE

A China, líder em cobertura 5G no mundo, também já colocou entre suas metas desenvolver a tecnologia 6G até 2025 e começar logo em seguida a implementação das novas redes.

A Huawei começou a investir em pesquisas sobre o 5G em 2009 para ativação da primeira rede em 2018. "Nos últimos 10 anos, foram mais de US$ 100 bilhões em investimentos em pesquisa", afirmou o Head de Soluções e Cibersegurança da Huawei América Latina, Marcelo Motta. Cerca de 105 mil profissionais da multinacional chinesa (mais da metade do total) estão ligados à área de pesquisa e desenvolvimento, com boa parte do time já dedicado à nova geração de internet. "O 5G ainda tem muito espaço para se transformar em realidade. Já a chegada do 6G depende do sucesso do 5G, e se vai ser uma transformação completa ou uma continuidade natural."

 

*O jornalista viajou ao Mobile World Congress (MWC) em Barcelona a convite da Huawei

Esta reportagem foi publicada no Broadcast no dia 03/03/22, às 11h39.

Publicidade

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Contato: colunabroadcast@estadao.com

 

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.