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Bastidores do mundo dos negócios

Turbulência reduz ofertas, mas não fecha janela de IPOs, diz executivo do Citi

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Por Cynthia Decloedt (Broadcast)
Atualização:

Se existe alguma vantagem nesta grave crise sanitária e política que atravessa o Brasil é que a turbulência, desta vez, não fecha a janela para ofertas de ações de novas empresas na bolsa brasileira, como acontecia no passado. "Se fosse em algum outro ano, esse mercado já estaria fechado", diz o responsável pelo banco de investimento do Citi Brasil, Eduardo Miras, em conversa com o Broadcast.

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O executivo atribui à capacidade de as novas ofertas continuarem rodando as mudanças estruturais que o juro baixo trouxe ao mercado, tornando as janelas menos dependentes da presença dos estrangeiros. Nesse sentido, ele defende que tampouco a perspectiva de a taxa Selic alcançar os 5% a 6% no final do ano afete a demanda dos investidores locais para a bolsa.

Miras nota que, frente ao ambiente incerto que se instalou de março para cá no País, com uma maior instabilidade macroeconômica e política, haverá uma redução no número de ofertas levadas à Bolsa, em relação ao que era previsto, e maior seletividade dos investidores entre aquelas que têm potencial para chegar lá.

"Houve de fato uma mudança de humor em relação ao início do ano e não estamos vivendo um boom de mercado, mas temos agora um mercado que vai ser perene, mais parecido com o que acontece nos desenvolvidos, de momentos em que há mais ou menos compradores", afirma.

Para ilustrar que o mercado está "andando", Miras lembra haver sete ofertas na rua para serem precificadas em abril, o que equivale a mais de R$ 13 bilhões. "As empresas iniciaram o processo porque existe um grau elevado de certeza de colocação, mas várias não virão agora e buscarão um momento diferente, enquanto outras ofertas podem não acontecer e as companhias buscarem soluções diferentes", prevê.

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Mais de 40 ofertas estão à espera de análise na Comissão de Valores Mobiliário(CVM). Segundo Miras, quatro das sete ofertas que devem ser precificadas nesta janela são do setor de saúde, um dos que estão em alta no momento entre os investidores.

Por outro lado, o executivo do Citi afirma que os gestores estão seletivos e se mostram mais arredios, especialmente por conta da incerteza sobre como a paralisação recente da atividade vai impactar no resultados de algumas empresas no primeiro e segundo trimestre.

Isso dificulta a leitura em uma nova oferta, especialmente se existem outras alternativas mais baratas na própria Bolsa, de um ativo de maior liquidez e que ele já conhece o fluxo, diz. Por isso, Miras vê como potencial de maior sucesso aquelas ofertas de empresas em setores e empresas que ainda não existem na Bolsa.

"Temos até o final da semana que vem para mais ofertas serem lançadas", diz, lembrando que teoricamente esse é o prazo legal para que utilizem nas apresentações aos investidores os dados dos balanços do final do ano. Ele nota que também até o final da semana que vem haverá melhor visão do resultado do "namoro" entre as companhias e investidores, nos encontros que estão acontecendo antes da precificação em si.

Sobre os estrangeiros, o executivo do Citi acredita na participação especialmente nas ofertas maiores, que acabam entrando em índices estrangeiros e se tornam presença obrigatória nas carteiras de gestores de fora. No entanto, segundo ele, estes estarão mais tímidos do que no ano passado.  "Antes tínhamos janelas que dependiam do estrangeiro e quando estes desapareciam tínhamos de colocar as operações on hold (em espera). Isso já não é mais verdade", reitera.

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Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 31/03/2021 às 19:46

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