O acordo prevê a construção dos Complexos Eólicos Ventos do Piauí II e Ventos do Piauí III, ambos localizados na região da Serra do Inácio, entre os Estados do Piauí e Pernambuco. Juntos, os novos empreendimentos totalizam uma capacidade instalada de 411,6 MW, que se somam aos 205,8 MW do Ventos do Piauí I e aos 357,9 MW do Complexo Ventos do Araripe III.
"Cerca de 60% da energia dos novos Complexos Eólicos foram comercializados com a CBA e com a Votorantim Cimentos em contratos de 10 anos", afirmou o presidente da Votorantim Energia, Fabio Zanfelice, em entrevista exclusiva ao Broadcast. As obras estão previstas para começar em janeiro de 2021, com início das operações em meados de 2022.
A CBA e a Votorantim Cimentos irão deter, cada uma, 50% das duas SPE (sociedades de propósito específicos) que serão criadas para gerenciar os novos parques eólicos. Os outros 50%, em cada uma das SPE, serão detidos pela joint venture entre a VE e a CPP Investments.
"É um modelo clássico de autoprodução", afirmou Zanfelice, que está à frente da Votorantim Energia desde 2015. Segundo ele, 35% dos R$ 2 bilhões de investimento serão aportados com recursos próprios das empresas, enquanto que os outros 65% serão financiados, em modelagem a ser definida. Uma das possibilidades em consideração é a obtenção de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os Complexos Eólicos Ventos do Piauí II e Ventos do Piauí III serão os primeiro projetos da VE 100% dedicados ao mercado livre, no qual os consumidores podem escolher livremente de quem comprar de energia e negociar as condições de pagamento. Os contratos firmados com a Votorantim Cimentos e a CBA serão usados pela Votorantim Energia como garantia para obtenção de financiamento.
Os outros 40% serão negociados em contratos com outros clientes no mercado livre, por meio da comercializadora da VE. Hoje, a empresa é a segunda maior comercializadora de energia do Brasil, movimentando 2,2 mil MW médios para mais de 400 consumidores livres.
A venda dos 40% terá um papel importante de mitigar riscos para a Votorantim Cimentos e à CBA. Uma das principais novidades setor elétrico para 2021 é a mudança na frequência de cálculo do preço da energia no mercado de curto prazo, o PLD, que vai deixar de ser semanal para se tornar diário.
Para os investidores de projetos eólicos, essa é uma mudança de grande impacto. Isso porque, normalmente, essas usinas produzem mais energia à noite, ao passo que o pico do consumo ocorre durante o dia, elevando os preços da energia. O descasamento entre o perfil de geração e o de consumo pode gerar prejuízos para consumidores e geradores.
"Nossa comercializadora irá realizar a gestão da energia para mitigar a exposição ao PLD", disse Zanfelice. Para ele, esse efeito é minimizado pelo fato de a CBA e a Votorantim Cimentos possuírem hidrelétricas de pequeno, médio e grande porte, cuja produção de energia é complementar ao perfil de geração das eólicas.
Expansão de ativos
Com um faturamento de R$ 3,1 bilhões no acumulado de 2019 até setembro, a Votorantim Energia segue a sua rota de crescimento no setor elétrico brasileiro após o retorno do Grupo Votorantim ao mercado. A companhia, uma das principais investidoras durante as privatizações nos anos de 1990, tem planos de crescer no segmento de geração renovável (eólica, solar e PCH) e estuda ingressar no setor de transmissão.
"Já mostramos que a VE tem competência para o desenvolvimento de projetos greenfield (novos) e brownfields (existentes)", disse Zanfelice. Após a conclusão dos Ventos do Piauí II e Ventos do Piauí III, a joint venture VE-CPP Investments terá investido aproximadamente R$ 5 bilhões nos quatro complexos eólicos. Além disso, as duas empresas detêm o controle da geradora paulista Cesp, comprada por R$ 3 bilhões em 2018.
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