#vaitercrise

Sustentado pelos contribuintes para monitorar o estado da economia, o IBGE tem encontrado dificuldades nas últimas semanas para divulgar uma crescimento expressivo... que não seja da inflação. Hoje, divulgou mais uma queda: as vendas no varejo caíram 0,4% em abril. Foi o segundo escorregão consecutivo, tombinho pouco menor que os 0,5% negativos de março.

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Por Iuri Dantas
Atualização:

Economistas de casas bancos, como o Goldman Sachs, alertam que o país virou a esquina e a economia enfrenta uma estagflação. Significa dizer que o Produto Interno Bruto esta em ponto morto, perdendo corrida para tartaruga, enquanto o combustível vai pela hora da morte. Preços em alta, atividade econômica paralisada.

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A medida oficial da inflação, o IPCA, bateu em 3,33% nos cinco primeiros meses do ano. No mesmo período de 2013 eram 2,88%. Já o PIB, teve avanço de 0,2%. Avanço entre aspas.

Os dados do varejo, aliados ao desempenho do PIB e a alta inflacionária preocupam economistas, porque revelam uma tendência que pode resultar em recessão, como alguns já apontam.

A julgar pela visão do ministro Guido Mantega, isso está descartado. "Vamos ter provavelmente um segundo trimestre melhor do que o primeiro" disse ele, há 14 dias. De lá pra cá, o IBGE informou que o segundo trimestre começou com queda de 0,3% da na produção industrial, a menor criação de empregos em 15 anos em abril. E agora recuo nas vendas varejistas.

Vitaminadas pela geração de empregos formais e aumento da massa salarial, as vendas no varejo caminhavam a passos largos e vinham intensas o suficiente para o surgimento ou consolidação no pais de grandes grupos empresariais no segmento. São essas empresas que geram empregos e topam elevar salários quando os balanços vão bem. Todo esse cenário virou de ponta cabeça, o que faz analistas projetarem menos fôlego no mercado de trabalho.

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Um analista privilegiado, dos poucos brasileiros a ter contato com documentos ultra-secretos e a conhecer os meandros da artilharia econômica estatal, Luiz Inacio Lula da Silva puxou a orelha do secretário do Tesouro, Arno Augustin. Jogo de cena, ninguém é capaz de travar a economia brasileira sozinho. É trabalho de equipe, que pede a ajuda, no mínimo, do ministro da fazenda, da diretoria do Banco Central e da presidente da República.

Da última vez que as vendas no varejo recuaram dois meses consecutivos o mundo entrava na maior crise financeira desde a segunda guerra mundial. O governo dispunha de dinheiro e espaço para acomodar altas de preços e ambos desapareceram agora.

Seis anos depois, o IBGE confirma: #vaitercrise.

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