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Os rumos do mercado

Dólar despenca e investidor busca detalhes sobre estratégia do Fed

Parece realmente não haver esperanças para o dólar. Passado o impacto da alta dos juros na China, a moeda dos Estados Unidos volta a descer a ladeira sem freio. O aperto monetário chinês representou apenas um soluço na tendência firme de desvalorização da divisa, que dá trabalho para as autoridades financeiras de países emergentes.

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Por Redação
Atualização:

De nada adiantou o secretário do Tesouro norte-americano, Tim Geithner, afirmar que "as principais moedas estão em alinhamento agora", sugerindo em entrevista ao The Wall Street Journal - divulgada ontem à noite - que não vê necessidade de maior desvalorização do dólar. O fato é que a certeza de uma nova rodada de desaperto, reforçada ontem com a divulgação do Livro Bege, não deixa o menor espaço para recuperação.

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Agora, os investidores se debruçam em pistas sobre os detalhes do plano do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA). O Financial Times diz hoje que a opção pode ser por um programa flexível de compra de ativos, cujo tamanho se ajustaria conforme a necessidade da economia e seria decidido a cada encontro da autoridade. Os comentários sobre a estratégia do Fed certamente vão crescer até a aguardada reunião de 3 de novembro.

Enquanto isso, a guerra cambial não dá o menor sinal de arrefecimento. Ontem, o Brasil soltou novas medidas, desta vez para fechar brechas e impedir que o investidor estrangeiro escape da alta do IOF. Às vésperas da reunião do G-20, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma em relatório que o yuan continua substancialmente "abaixo do nível apropriado". As tensões se acumulam e os mercados não trabalham com a perspectiva de consenso no curto prazo.

Outra discussão que segue quente é a especulação nos mercados emergentes. O FMI também avalia que uma bolha parece estar se formando no mercado imobiliário das grandes cidades chinesas. O presidente do BC chinês, Zhou Xiaochuan, fez alerta na mesma linha ao afirmar que o forte crescimento do crédito traz riscos econômicos, incluindo a bolha de ativos.

Foi exatamente para conter esse movimento que o governo decidiu elevar os juros nesta semana, acreditam analistas. Novos dados mostram que o crescimento econômico da China desacelerou no terceiro trimestre, mas a inflação continua em alta. O PIB subiu 9,6% no período, abaixo do avanço de 10,3% do segundo trimestre. Os preços ao consumidor passaram de 3,5% em agosto para 3,6% em setembro.

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Quando o governo chinês surpreendeu com a alta dos juros, muitos acharam que o desempenho do país viria bastante acima do previsto. No entanto, as informações estão praticamente em linha com as estimativas. Prevalece a interpretação de que o alvo é realmente a especulação do mercado imobiliário, embora tenha ficado um ponto de interrogação no ar para alguns. Na avaliação de Lena Komileva, diretora da corretora Tullet Prebon, os números deixam dúvidas sobre os motivos que levaram ao aperto na China.

A agenda dos EUA traz os pedidos de auxílio-desemprego (às 10h30, de Brasília), o índice de atividade do Fed da Filadélfia e indicadores antecedentes de setembro do Conference Board (ambos ao meio-dia). Vários balanços importantes estão previstos, como Amex, AT&T, Caterpillar, McDonald's, Xerox, UPS e Amazon.

Às 9h32 (de Brasília), o euro subia a US$ 1,4031, de US$ 1,3949 no fechamento de ontem em Nova York. A libra cedia a US$ 1,5786, de US$ 1,5840. O dólar recuava para 81,05 ienes, de 81,16 ienes na véspera.

No mesmo horário (acima), as bolsas de Londres (+0,79%), Paris (+1%) e Frankfurt (+0,91%) operavam no terreno positivo, enquanto o petróleo caía 0,25%, para US$ 82,33.

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