30 de agosto de 2010 | 09h11
De cinto bem apertado, os investidores internacionais partem lentamente para encarar uma semana com potencial eletrizante, que atingirá alta velocidade até sexta-feira. Um turbilhão de informações relevantes estará disponível nas próximas horas e, como o humor anda instável, a ordem é ir com calma.
Como a City londrina está fechada pelo feriado bancário no Reino Unido, os negócios na Europa ficam sem ritmo hoje. Mas, além da agenda carregada, a semana marcará o final das férias no hemisfério norte, quando tudo voltará a andar, inclusive as operações das empresas – e nada é mais importante para o investidor brasileiro neste momento do que a capitalização da Petrobrás.
No exterior, as preocupações com a saúde da economia dos Estados Unidos ainda dominam a cena. Sim, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, sinalizou que está pronto para dar mais estímulo caso necessário. Foi o que provocou o rali da sexta-feira, para alívio de todos. Mas a questão é saber quando esse momento vai chegar exatamente, pois a autoridade também disse que a deflação não representa um grande risco agora.
A fuga para a segurança verificada nas últimas semanas provocou grande movimento no mercado cambial e levou o Banco do Japão a agir para tentar conter a valorização do iene, considerado porto seguro. Em reunião de emergência, o BC decidiu ampliar o programa de empréstimos ao sistema financeiro de 20 trilhões para 30 trilhões de ienes.
Depois da reação positiva inicial, os investidores passaram a achar que a medida é insuficiente para segurar a alta da moeda. “Muito pouco e muito tarde”, classifica Boris Schlossberg, da corretora GFT. Para ele, o iene continuará sendo guiado pelos temores de um novo mergulho dos EUA. Às 7h36 horas (de Brasília), a divisa japonesa subia a 84,66 por dólar, de 85,35 por dólar no fechamento de sexta-feira em Nova York.
A semana trará grandes oportunidades para acompanhar a situação da maior economia do mundo, com todo o destaque para os dados do mercado de trabalho na sexta-feira, o famoso payroll. Antes disso, amanhã sai a ata da reunião do Fomc que decidiu reinvestir a carteira de títulos, medida vista como primeiro passo antes de eventual retomada de medidas não-convencionais.
A política monetária é tema não apenas dos EUA. O Banco Central Europeu se reúne na quinta-feira e deve estender o suporte emergencial para os bancos da zona do euro até o início do próximo ano, segundo reportagem de hoje do Financial Times.
O cenário externo também afeta a condução da política monetária brasileira. Em meio à desaceleração global, analistas e operadores acreditam que o Banco Central irá interromper o processo de alta de juros e manter a Selic em 10,75% na quarta-feira.
Às 9h11 horas (de Brasília), as bolsas de Paris (-0,40%) e Frankfurt (-0,33%) oscilavam ao redor da estabilidade, enquanto o petróleo recuava 0,27%, para US$ 76,44 o barril na Comex eletrônica.
O ambiente de cautela não dá espaço para o euro, que cedia a US$ 1,2702, de US$ 1,2734 no fechamento de sexta-feira em Nova York. A libra conseguia ir a US$ 1,5557, de US$ 1,5513.
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