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Os rumos do mercado

Investidores tentam respirar, mas clima segue frágil no exterior

Os investidores internacionais tentam se recompor da rajada de aversão ao risco que tomou conta dos negócios ontem. Mas o clima nos mercados segue frágil em meio à crise de dívida soberana na Europa. A delicada situação da Grécia cria um cenário de instabilidade que se amplia pelo bloco.

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Por Redação
Atualização:

A ocorrência de um default grego é agora vista apenas como uma questão de tempo. "A pergunta não é mais se (haverá default), é quando", disse Wilber Colmerauer, sócio da consultoria Brazil Funding.

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Nesse ambiente de ansiedade, o radar de preocupações vai se ampliando. Até mesmo economias que estavam relativamente isoladas da turbulência passaram para a lista principal de riscos, caso da Espanha e da Itália. A derrota do primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero nas eleições locais espanholas no final de semana e o alerta emitido pela Standard & Poor's sobre o rating italiano colocaram mais lenha na fogueira europeia. Não bastasse, a Fitch revisou ontem a perspectiva da nota da Bélgica de estável para negativa.

As avaliações mais negativas das agências continuam fazendo estragos no exterior hoje. A Moody´s colocou 14 bancos britânicos em observação negativa, abrindo a possibilidade de rebaixamento. Entre eles, estão o Lloyds Banking Group e o Royal Bank of Scotland, que passaram para as mãos do governo após a crise financeira global de 2008 - as ações das instituições reagiram em queda na abertura da Bolsa de Londres. A Moody's já havia anunciado sua intenção de avaliar os bancos britânicos com base na perspectiva de menor suporte do governo a partir de agora.

Enquanto a análise sobre a Europa se deteriora rapidamente, o Brasil continua bem avaliado: a S&P elevou a perspectiva do rating nacional de estável para positiva, ontem à noite. Só que os fundamentos econômicos não isolam o País da atual turbulência dos mercados financeiros - tanto que a BM&FBovespa continua sofrendo com a falta de interesse dos investidores.

Depois de atingir o pico em abril, os mercados internacionais entraram em correção em maio, um mês tipicamente volátil. Até então, a nada desprezível lista de riscos estava sendo totalmente ignorada. Os investidores passaram por cima do terremoto no Japão, que jogou o país de volta à recessão, e da guerra na Líbia.

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Agora, como o clima mudou, diversos motivos são apresentados para justificar a atual tendência negativa das praças financeiras. A possibilidade de default da Grécia acontece diante de um vácuo de liderança no Fundo Monetário Internacional (FMI), após a renúncia de Dominique Strauss-Kahn. As autoridades europeias são novamente acusadas de falta de coordenação, embora tenham já resgatado três países.

Outro ponto de tensão é o debate no Congresso dos Estados Unidos sobre a ampliação do teto do endividamento do país, o que precisa ser feito até agosto. "As autoridades norte-americanas parecem determinadas a passar a legislação sobre o aumento do teto da dívida no último minuto em agosto, deixando os mercados desnecessariamente agitados", avalia Lee Hardman, estrategista do Bank of Tokyo-Mitsubishi.

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