25 de agosto de 2010 | 05h18
Receosos com a possibilidade de um novo mergulho dos Estados Unidos na recessão, os investidores internacionais optam pela cautela no aguardo de novos dados sobre o mercado imobiliário. Os nervos ainda estão desgastados pela aversão ao risco que tomou conta dos mercados ontem.
A constatação de que a recuperação da maior economia do mundo é bem mais lenta do que o desejado mexeu com as estratégias e colocou a busca por proteção como imperativo. Também provocou uma reavaliação dos preços das commodities, ponto particularmente importante para os investidores brasileiros.
O medo de deflação nos EUA fez com que o iene fosse eleito o porto seguro da vez. Continuam fortes as especulações de que o governo do Japão poderá intervir no mercado cambial. As declarações do ministro de Finanças, Yoshihiko Noda, se comprometendo com “ações apropriadas”, foram vistas como uma escalada do apoio verbal à moeda.
No entanto, analistas avaliam como mais provável a possibilidade de medidas de desaperto do que a intervenção no câmbio, adotada pela última vez em 2004. “A intervenção direta no mercado cambial é improvável, pois politicamente é muito sensível”, avalia Raymond Van der Putten, do BNP Paribas.
A valorização do iene, que chegou a bater a máxima em 15 anos, é preocupante para a economia exportadora do Japão, ainda mais neste momento de redução do ritmo global. As vendas externas, inclusive, voltaram a desacelerar em julho, com alta de 23,5% sobre o mesmo mês do ano passado, após aumento de 27,7% em junho.
Na Europa, são as exportações que fazem a economia da Alemanha surpreender. Hoje, a pesquisa de sentimento econômico do Instituto Ifo subiu para 106,7 em agosto, ao contrário da expectativa de queda para 106. O número traz um sinal positivo sobre a atual situação da atividade alemã, mas os analistas acreditam que haverá desaceleração daqui para frente, seguindo os Estados Unidos e a China.
A situação dos EUA é o principal ponto de tensão dos mercados atualmente. Após a decepção com o mercado imobiliário ontem, hoje o destaque da agenda são as vendas de imóveis novos, às 11 horas (de Brasília). O setor volta a mostrar enfraquecimento após o fim dos estímulos do governo.
Ontem, trouxe apreensão a queda de 27,2% nas vendas de imóveis residenciais usados em julho, para uma taxa anual de 3,83 milhões de unidades, o menor nível em 15 anos. Seria esse o piso? “Se ganhássemos um dólar toda vez que ouvíssemos que o mercado imobiliário dos EUA atingiu o piso desde 2005, conseguiríamos comprar um bom apartamento para férias na Flórida”, escreve o estrategista do Deutsche Bank, Jim Reid.
Às 9h23 (de Brasília), as bolsas de Londres (-0,82%), Paris (-0,93%) e Frankfurt (-0,43%) recuavam. O petróleo conseguia ligeira alta de 0,01%, para US$ 71,64 o barril, no pregão eletrônico da Nymex.
No mesmo horário (acima), o dólar subia a 84,46 ienes, de 84,15 no fim do dia ontem em Nova York, diante das especulações sobre intervenção. O euro recuava para US$ 1,2616, de US$ 1,2674 na véspera. A libra operava a US$ 1,5424, de US$ 1,5433.
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