Ao contrário: a percepção negativa do BC dos Estados Unidos sobre a economia trouxe mais receios. As bolsas europeias caem forte nesta manhã, com perdas de quase 4%. As commodities também enfrentam uma pesada rajada de vendas, incluindo o petróleo e os metais. Somente o dólar se favorece em relação ao euro, à libra e às moedas emergentes - a onda de desvalorização não é exclusividade do real, tanto que o BC da Coreia está intervindo para estancar o declínio do won. "Os investidores estão reduzindo a posição vendida em dólar, enquanto os ativos de risco continuam sendo liquidados", diz Lee Hardman, estrategista do Bank of Tokyo-Mitsubishi.
A reação dos mercados não deixa dúvidas: a iniciativa do Fed é considera insuficiente para reativar a combalida economia norte-americana. Na avaliação de Julia Coronado, analista do BNP Paribas, a ação do BC norte-americano não tem conseguido eliminar os temores sobre o cenário global. "Os investidores podem sair dos Treasuries e ir para posições em cash se perceberem que o Fed e outras autoridades monetárias não mostram vontade ou ferramentas para ajudar a economia."
De qualquer forma, os bancos centrais estão se movendo para posturas mais acomodatícias. Está presente a percepção de que o Fed terá de ampliar o arsenal. Enquanto isso, o Banco da Inglaterra flerta cada vez mais com uma nova rodada de alívio quantitativo, o QE2, e o Banco Central Europeu segue comprando títulos da Itália. O Barclays Capital já estima que o BCE partirá para o corte de juros agora em outubro. Além da situação extremamente delicada da Grécia e da zona do euro, o maior risco do momento é de uma nova recessão global.
Na China, a atividade industrial desacelerou, como mostra o índice preliminar dos gerentes de compras medido pelo HSBC, que caiu para 49,4 em setembro, de 49,9 em agosto. E para quem espera por salvação, o melhor evento do dia fica com a reunião dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Washington. Quem sabe saia daí alguma proposta para ajudar a Europa.