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Cinco motivos para a disparada do dólar

Há um ano o dólar estava cotado a R$ 2,23. Saiba o que está acontecendo no Brasil e no mundo

Por Mariana Congo
Atualização:

Estamos acompanhando um movimento de alta constante do dólar já faz um ano. A cotação da moeda subiu 68% ante o real nos últimos 12 meses. Parece que faz uma eternidade, mas em 3 de setembro de 2014 o dólar estava a R$ 2,23.

Agora em 2015, nestes primeiros dias de setembro, o dólar avançou 3%. Hoje, na máxima, chegou a bater R$ 3,81.

O movimento de valorização do dólar é global e se relaciona com os itens 4 e 5 da lista abaixo. Mas o Brasil está sofrendo mais. Veja cinco motivos:

1) Proposta de Orçamento com déficit no Brasil

Ministros entregam proposta orçamentária para o presidente do Senado ( Foto: Dida Sampaio/Estadão)

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A proposta de um Orçamento deficitário para 2016 foi responsável por boa parte do mau humor dos investidores nesta semana.

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O mercado dá praticamente como certo que o Brasil vai perder seu selo de bom pagador (o grau de investimento foi conquistado em abril de 2008, você se lembra?).

A consequência disso será a fuga de investidores do Brasil - o que aumentaria os problemas do País para conseguir fontes para financiar suas atividades e investimentos - isso leva ao próximo ponto.

2) Investidor estrangeiro está dando 'tchau' para o Brasil (ou nem mesmo um 'oi')

Susto na casa de câmbio: dólar a quase R$ 4 ( Foto: Fábio Motta/Estadão)

Nesse clima de desconfiança, muitos investidores estrangeiros já estão deixando o Brasil ou desistindo de vir para cá. Como a expectativa é de alta do dólar, os gringos estão comprando mais dólares no mercado futuro, como precaução. Uma vez que o mercado futuro influencia as cotações do mercado à vista, cresce a pressão pela alta do dólar.

3) Instabilidade econômica e política por aqui

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Joaquim Levy ( Foto: Dida Sampaio/Estadão)

Depois da apresentação do Orçamento do ano que vem com déficit, aumentou o zum zum zum no mercado de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estaria enfraquecido dentro do governo e até poderia renunciar.

"O motivo que mais pesa para o dólar é a instabilidade política e econômica no País. Todo mundo compra dólar para se garantir", opina o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel.

No cenário econômico, nenhum indicador vai bem. Nas contas do setor público, julho registrou o pior déficit da história. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,9% no segundo trimestre do ano, confirmando o cenário de recessão. E, no Congresso, a chamada "pauta-bomba" coloca em votação matérias que oneram ainda mais as contas públicas.

4) A economia dos EUA está melhorando. E o Fed pode aumentar os juros

Janet Yellen, presidente do Fed ( Foto: REUTERS/Carlos Barria)

O mundo aguarda pelo momento em que o Federal Reserve (o Fed, banco central dos EUA) vai aumentar o juro básico, que foi zerado na crise de 2008 com o objetivo de estimular a economia. Talvez em setembro.

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Como os EUA voltaram a crescer, o Fed avalia que o juro não precisa ficar mais perto de zero. A questão, que respinga no Brasil, é que com taxas de retorno maiores nos EUA os investimentos em dólar tendem a ficar mais atrativos e a procura por dólar cresce - aumentando a cotação ante o real.

5) China vai mal. E isso pode atrapalhar as exportações brasileiras

China: economia desaquece ( Foto: REUTERS/Stringer)

Se por um lado o dólar caro é bom para os exportadores brasileiros, pois o produto nacional fica mais barato lá fora, por outro lado o desaquecimento da economia da China pode atrapalhar as exportações. A China é o principal destino dos produtos brasileiros (20% da nossa exportação no primeiro semestre foi para lá). Com a demanda chinesa em baixa, o Brasil é prejudicado. Além disso, a cotação das commodities está em queda após anos de bonança.

Enquanto o cenário não muda, lá vai o dólar...

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