O segundo maior banco do mundo, o inglês HSBC, está envolvido em mais um escândalo de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos. São alvo de investigação mais de 100 mil contas abertas na unidade suíça do HSBC até 2007.
Os documentos que revelam o escândalo foram obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo, que publicou reportagem sobre o tema no início de fevereiro.
Desde então, o HSBC já pediu desculpas pelo incentivo à sonegação de impostos e afirmou que hoje em dia o controle do banco é muito mais rígido. O escândalo também respingou no Brasil e nas investigações da Operação Lava Jato envolvendo a Petrobrás.
Entenda o esquema das contas secretas no HSBC:
1. No dia 8 de fevereiro, reportagem publicada pelo Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo (International Consortium of Investigative Journalists, ou ICIJ, em inglês) revelou que a unidade suíça do banco HSBC funcionou como um "caixa automático" de contas secretas, onde era feita lavagem de dinheiro e a sonegação de impostos era incentivada.
2. Essa foi a primeira vez que um documento tão completo foi revelado sobre as atividades bancárias na Suíça, país conhecido como paraíso fiscal. Os documentos dizem respeito a atividades bancárias realizadas até 2007. Os dados foram obtidos pelo ICIJ por intermédio do jornal francês Le Monde. Autoridades francesas usaram esses documentos em 2010 como base para operações contra a sonegação de impostos. A França compartilhou os dados com órgãos fiscais de outros países, como Estados Unidos, Espanha, Itália, Grécia, Alemanha, Inglaterra, Irlanda, Bélgica e Argentina.
3. Mais de 100 mil correntistas de 200 países usavam o esquema do HSBC. São políticos, executivos de grandes empresas, traficantes, ditadores, negociadores de armas, famílias nobres, celebridades do mundo da música, cinema, esporte - e por aí vai.
4. Os documentos atestam que alguns correntistas viajavam para Genebra (a segunda maior cidade da Suíça) para buscar malas de dinheiro vivo. No esquema, o HSBC criava empresas e fundações para os correntistas escaparem da tributação em seus países de origem.
5. Traficantes de diamantes usavam o HSBC para trocar pedras preciosas por dinheiro com o objetivo de financiar atividades em zonas de conflito e de guerra, mostram os documentos.
6. Ter uma conta bancária na Suíça - por si só - não é indicativo de atividade ilegal, reporta o ICIJ. Mas os documentos mostram que funcionários do HSBC orientavam os clientes sobre como fugir da cobrança de impostos. O sigilo aos nomes e profissões dos clientes era completo.
7. Sobre Brasil, o escândalo remete a 6,6 mil contas bancárias abertas no HSBC da Suíça entre 1988 e 2006, referentes a 4,8 mil cidadãos de nacionalidade brasileira. As contas tinha saldo de US$ 7 bilhões entre 2006 e 2007.
8. A Receita Federal do Brasil afirmou que sua unidade de inteligência teve acesso aos nomes e que as primeiras análises indicam que os contribuintes omitiram ou prestaram informações erradas ao Fisco brasileiro. Segundo a Receita, os contribuintes que não declararam seus rendimentos podem ser autuados e responsabilizados por crime de lavagem de dinheiro.
9. Com a divulgação dos documentos sobre as atividade ilícitas do HSBC, o banco veio a público pedir desculpas por ter incentivado a sonegação de impostos. De acordo com a mensagem, assinada pelo presidente-executivo do HSBC, Stuart Gulliver, tais práticas ilegais ficaram no passado e as regras de controle que existem hoje nem sempre vigoraram. O banco terá que se explicar perante o governo britânico e provar que não incentiva mais atividades ilícitas. O Justiça da Suíça também abriu investigação contra o HSBC.
10. O caso das contas secretas do HSBC suíço pode influenciar nas investigações da Operação Lava Jato envolvendo a Petrobrás. Dentre as contas de brasileiros, parte delas têm relação com ex-funcionários da Petrobrás. A Justiça suíça afirmou que vai investigar todas as contas, sem distinção.
Para lembrar. Essa não é a primeira vez que o gigante HSBC aparece envolvido em atividade ilícitas. Em 2012, uma investigação do Senado do Estados Unidos mostrou que o HSBC permitiu a lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas na América Latina e de grupos terroristas, como a Al-Qaeda. Após reconhecer os erros e pedir desculpas, o banco aceitou pagar US$ 1,9 bilhão para encerrar a investigação.
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