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Dólar volta a subir e fecha a R$ 2,11, maior nível desde 4 de dezembro

Fabrício de Castro

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Por Redação
Atualização:

Texto atualizado às 17h59

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SÃO PAULO - Nem mesmo um dólar acima de R$ 2,11 no mercado de balcão foi capaz de fazer o Banco Central (BC) atuar para conter a valorização da moeda no Brasil. O dólar registrou fortes ganhos ao longo de todo o dia, na esteira da decepção com o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, da pressão de alta no mercado futuro na véspera da formação da Ptax e, principalmente, dos comentários do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o câmbio. Ao afirmar que o câmbio não é utilizado para combater a inflação, Mantega fez as cotações dispararem. "Ele transmitiu insegurança, dizendo que não está preocupado com o dólar. Mas e a inflação?", comentou um operador.

O dólar encerrou esta quarta-feira, 29, em alta de 1,78%, a R$ 2,110 no balcão, na maior cotação de fechamento desde 4 de dezembro, quando ficou em R$ 2,1170. Na mínima a moeda marcou R$ 2,0730 (estável) e, na máxima atingiu R$ 2,1160 (+2,07%). A cotação máxima do dia, aliás, representa o maior patamar intraday também desde 4 de dezembro. No mercado futuro, o dólar para junho era cotado a R$ 2,1105, em alta de 1,56%.

Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB do primeiro trimestre subiu apenas 0,6% ante o quarto trimestre de 2012, abaixo da mediana das projeções do mercado (0,90%). Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, houve alta de 1,9%, também abaixo da mediana de 2,30% esperada. A decepção com o PIB fez as taxas dos contratos futuros de juros recuarem, em meio à percepção de que, na reunião desta quarta o Comitê de Política Monetária (Copom) pode ser mais cauteloso, ante apostas majoritárias anteriores de que elevaria o juro em 0,50 ponto. Em reação, o dólar também acelerou os ganhos em relação ao real.

Porém, foi a fala de Mantega sobre a economia e, especificamente, sobre o câmbio que deu maior impulso para a moeda americana. "(O câmbio) é flutuante e, neste momento, o câmbio de todos os países está desvalorizando em relação ao dólar. É um movimento internacional e não tem porque sermos diferentes", afirmou. "Havendo desvalorização do real, ficamos mais competitivos nas exportações, mas não está tendo intervenção do governo. É um equilíbrio de mercado e favorece as exportações e o equilíbrio das contas externas."

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Para profissionais do mercado, Mantega tirou qualquer chance de o Banco Central atuar nesta quarta-feira para conter a alta do dólar - muito embora ele, oficialmente, fale em nome do Ministério da Fazenda, e não do BC.

O fato de a Ptax ser definida na sexta-feira, segundo alguns profissionais, também manteve o BC longe dos negócios. "Não faz sentido o BC entrar no fim da tarde porque na sexta-feira tem Ptax", destacou Mario Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora. Na prática, uma entrada na véspera da formação da Ptax, por meio de leilão de swap cambial tradicional (venda de dólares no mercado futuro), não seria bem vista, já que favoreceria os vendidos na disputa com os comprados. "Mas após a Ptax o jogo também muda", comentou João Paulo de Gracia Corrêa, gerente de câmbio da Correparti Corretora.

Até lá, porém, os investidores terão um novo ingrediente para avaliar: a decisão do Copom sobre a Selic, atualmente em 7,50% ao ano. Se o BC anunciar um aumento de 0,50 ponto porcentual - como vinha sendo precificado de forma majoritária na curva de juros -, o impacto pode ser de queda nas cotações do dólar.

 

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