SÃO PAULO - O mercado de câmbio começou a semana e o segundo semestre há pouco com apenas uma certeza: o dólar tende a continuar volátil. A perspectiva de mudança na política monetária dos Estados Unidos, a perda de tração do crescimento da China e a maior desconfiança sobre a economia brasileira podem voltar a pressionar a moeda norte-americana em julho. Também é certo que o Banco Central continuará agindo para amenizar a volatilidade de olho no combate à inflação, afirmaram operadores de câmbio consultados pelo Broadcast.
A abertura da sessão hoje confirma essas expectativas. O dólar à vista abriu os negócios com leve alta, virou para o lado negativo e já voltou a subir. Às 10h55, a moeda subia 0,18%, cotada a R$ 2,235.
Há pouco, nos Estados Unidos, a Markit informou uma desaceleração do PMI industrial final de junho, para 51,9, de 52,2 na leitura preliminar. No Brasil, o HSBC informou que o PMI industrial do Brasil ficou estável em 50,4% em junho ante maio.
Já na China, mais cedo, foi divulgado que o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial oficial desacelerou para 50,1 em junho, embora tenha permanecido acima de 50 - o que indica expansão da atividade. Além disso, o PMI HSBC industrial chinês recuou para a mínima em nove meses de 48,2. Ainda assim, alguns participantes do mercado ficaram aliviados pelo fato de o PMI oficial da China ter permanecido acima do nível de 50 em junho, disse um operador de uma corretora.
Embora esses dados já estejam afetando os mercados, a maior expectativa dos investidores é pelo relatório mensal sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos, que será divulgado na sexta-feira. Os investidores em âmbito global aguardam esses indicadores para avaliar uma potencial aceleração da redução das medidas de estímulo econômico nos EUA.
Na zona do euro, os dados hoje vieram mistos. A taxa de desemprego voltou a renovar um recorde de alta, atingindo 12,1% em maio, ao passo que o índice PMI da indústria da região alcançou o nível mais alto em 16 meses, superando as estimativas. A abertura dos números mostra vigor na França, Itália e Espanha, ao passo que a Alemanha vacila. Ainda por lá, a União Europeia (UE) recebe hoje seu 28º país-membro, a Croácia, em meio à deterioração das relações diplomáticas com os Estados Unidos por causa do programa de espionagem norte-americano.
No Brasil, mais cedo, a Pesquisa Focus, divulgada hoje pelo Banco Central, mostrou um quadro negativo para os indicadores do País. Alguns profissionais disseram que as perspectivas piores para a economia interna podem embalar nova rodada de ajustes nos juros futuros e no mercado de câmbio. A Focus trouxe estimativas de aumento da inflação projetada para 2013 e 2014, queda na produção industrial neste ano, desaceleração do Produto Interno Bruto em 2013 e aceleração em 2014, avanço do dólar em 2013 (de R$ 2,13 para R$ 2,15) e elevação do déficit em conta corrente em 2013, de US$ 73,76 bilhões para US$ 74,50 bilhões.
Hoje, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) mostrou ligeira evolução, para 0,35% no encerramento do mês de junho ante 0,32% na última leitura de maio, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). No acumulado em 12 meses até junho, o indicador subiu 6,22% e no ano, 3,29%. O IPC-S de junho ficou dentro do intervalo das estimativas apuradas pelo AE Projeções, que iam de 0,32% a 0,39%, e logo abaixo da mediana projetada, de 0,36%.