As novas empresas de tecnologia têm o claro desafio de crescer muito em pouco tempo. Mas no que tange à captação de mão de obra, esses negócios seguem uma tendência global no mundo corporativo: a demora em finalizar um processo de contratação.
Não é uma falsa impressão. Cada vez mais os processos seletivos estão mais lentos pelo mundo. Um estudo que acaba de ser divulgado pela Glassdor, um consultoria virtual norte-americana, oferece alguns números ao fenômeno. Em cinco anos, de 2009 a 2014, o tempo médio para uma contratação ficou entre 3,3 a 3,7 dias mais lento.
O estudo analisou 340 mil contratações em seis países (EUA, Canadá, Austrália, Inglaterra, Alemanha e França). O Canadá foi os mais "célere" no que tange ao tempo médio dos processos seletivos, com 22,1 dias gastos entre o primeiro contato com o candidato até a definição de sua contratação. Já a França é onde mais se exige da paciência dos postulantes, com processos que levam em média 31,9 dias.
Puxam a fila desse processo empresas expoentes da nova economia como Google e Facebook, onde um novo colaborador passa por inúmeros processos e fases de seleção até descobrir seu destino profissional.
"Acho que entrar no Google é tão difícil que a gente, depois de contratada, pensa duas, três, quatro vezes antes de pedir para sair", confidenciou-me a pouco tempo uma executiva da subsidiária brasileira da multinacional.
Mas quais as causas de tanta lentidão nos processos seletivos? Um dos fatores apontados é justamente a dinâmica das triagem dos selecionadores, com dinâmicas de grupo, checagem de background, apresentações, testes de habilidade, entrevistas com gestores de gestores e por ai vai.
Uma explicação favorável para a lentidão das empresas é que processos de contratação mais arrastados podem ser uma boa estratégia para o selecionador. Triagens mais cuidadosas tendem a alcançar resultados mais eficientes, especialmente quando o que está em jogo é um trabalho de alta complexidade, onde-se pede criatividade e capacidade de julgamento dos profissionais.
Provavelmente, esses longos processos seletivos são simplesmente um reflexo das mudanças econômicas, fundamentadas por trabalhos altamente qualificados em tecnologia e em serviços.
Em contrapartida, o próprio estudo da Glassdor observa que o fenômeno pode ser pura e simplesmente uma perda de tempo - e de dinheiro - das companhias contratantes. "Por exemplo, nós encontramos grandes empresas que demandam dramaticamente processos muito mais lentos de contratação que pequenas e médias concorrentes, A chance é de que esses grandes contratantes estão mesmo rateando na burocracia de seus departamentos de contratação", afirma.