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Opinião|Com menos de 30 votos hoje, a casa cai para Dilma?

Resultado da votação hoje da comissão especial do impeachment terá impacto sobre os preços no mercado financeiro

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 Foto: Dida Sampaio| Estadão

O resultado da votação hoje da comissão especial do impeachment terá impacto sobre os preços dos ativos: quanto menos votos o governo tiver, mais otimistas ficarão os investidores sobre a aprovação do impedimento da presidente Dilma Rousseff no plenário da Câmara dos Deputados.

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Levantamento feito pela consultoria Arko Advice, enviado na noite de domingo aos clientes, mostra que há 33 deputados dispostos a votar pela aprovação do parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO), 22 são contra e dez estão indecisos.

Na opinião de um renomado executivo do mercado financeiro, se o governo conseguir menos do que 30 votos na comissão, os investidores vão interpretar isso como um sinal de fraqueza em antecipação a votação no plenário.

"O mercado está atento para ver quantos votos o governo conseguirá, ou seja, há muita gente atribuindo um valor grande ao placar final da comissão do impeachment", comentou a fonte acima. "Se o resultado for bem abaixo de 30 votos, o mercado vai reagir."

Nesse sentido, espera-se então que a maior parte dos dez deputados que ainda se declararam indecisos no levantamento da Arko Advice acabe se bandeando para a corrente pró-impeachment.

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Aliás, a votação da comissão poderá ratificar o otimismo observado na sexta-feira, quando a Bovespa disparou 3,67%, superando os 50 mil pontos, e o dólar recuou 2,4% - maior queda desde 17 de março - a R$ 3,5971.

O mercado ficou animado com a notícia sobre a mudança de opinião do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que passou a recomendar a anulação da posse de Lula como ministro da Casa Civil. Isso porque, no seu parecer, Janot viu "desvio de finalidade" na nomeação feita pela presidente Dilma e que o ato foi uma manobra para tumultuar a Lava Jato.

Essa notícia - combinada com o vazamento de trechos da delação premiada de executivos da Andrade Gutierrez, que disseram que a empreiteira pagou R$ 150 milhões em propinas em formas de doações à campanha eleitoral de Dilma em 2010 e 2014 - moveu o pêndulo a favor dos que querem o impeachment da presidente.

Dessa forma, se o governo conseguir uma votação baixa hoje na comissão especial do impeachment, a interpretação será a de que o Palácio do Planalto está tendo dificuldades maiores do que o previsto na negociação de cargos em troca de votos com partidos e parlamentares.

Reforçou esse sentimento do mercado a informação ontem de que nove diretórios regionais do Partido Progressista (PP) decidiram apoiar o impeachment, apesar de o presidente do partido, Ciro Nogueira, ter anunciado na semana passada que o PP seguiria na base aliada.

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Esse pode ser um golpe e tanto na batalha do governo para barrar o impeachment no plenário da Câmara.

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Para aprovar o processo, a oposição precisa de 342 votos. No fim da noite de ontem, levantamento realizado pelo Grupo Estado mostra que o número de votos a favor do impeachment da presidente Dilma passou de 287 para 291. Os votos contra permaneceram em 115. Até então, havia ainda 61 indecisos e 46 não responderam.

A nova posição de Rodrigo Janot em relação à posse de Lula como ministro pode ter influenciado a mudança de deputados para engrossar a corrente dos que votam a favor do impeachment.

Essa mudança de opinião do procurador-geral da República em relação a Lula enfraqueceu e muito a capacidade de negociação do Palácio do Planalto e do próprio ex-presidente com os partidos e parlamentares.

O reflexo dessa decisão de Janot poderá ser comprovado ou não no placar de votos da comissão especial de impeachment.

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Fábio Alves é jornalista do Broadcast

Opinião por Fábio Alves

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