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Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|O rali pré-eleições na Argentina...e no Brasil

Investidores acreditam que qualquer um que vença na Argentina é melhor que Cristina Kirchner

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Dilma recebeuCristina em Brasília em julho Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O índice Merval, da bolsa de valores argentina, acumula em 2015 ganhos acima de 42%, em termos nominais, enquanto a Bovespa soma queda de quase 9% neste ano.

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Bem antes de a disputa presidencial no país vizinho ser decidida num inédito segundo turno, marcado para 22 de novembro, os ativos argentinos vêm registrando um rali substancial.

Obviamente que uma coisa é a disparada nos preços nominais, outra é a taxa de retorno, pois na Argentina a inflação oficial é bem mais baixa do que a considerada verdadeira, o que afeta o retorno, e a cotação do dólar é administrado.

De qualquer modo, as ações argentinas dispararam neste ano.

Essa alta forte é justificada nos fundamentos?

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Não. Simplesmente, esse movimento é "expectacional", como colocou um investidor a esta coluna.

Os investidores, embora reconhecendo a confusão macroeconômica em que a Argentina ainda se encontra, acreditam que qualquer um que vença a eleição presidencial será melhor do que Cristina Kirchner. Que a atual presidente é, de fato, o fundo do poço para a Argentina.

A simples mudança é combustível suficiente para deflagrar uma correção nos preços dos ativos, mesmo que não resulte em uma recuperação concreta da economia argentina no curto ou médio prazo.

E até mesmo uma eventual vitória de Daniel Scioli, o candidato apoiado por Cristina, é motivo para comemoração. Se o oposicionista Mauricio Macri surpreender e vencer o segundo turno, então a rali nos preços dos ativos argentinos poderá se prolongar por mais tempo.

E é isso que os investidores ouvidos por esta coluna esperam que aconteça no Brasil entre as eleições municipais de 2016 e o pleito presidencial de 2018, exceto se o ex-presidente Lula for o candidato do PT e as pesquisas de opinião apontarem para a sua vitória.

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Eles não esqueceram que a guinada heterodoxa e muitos desarranjos a uma política econômica considerada saudável aconteceram já no segundo mandato de Lula, como o inchaço nos empréstimos do BNDES ou na redução do desempenho fiscal, com queda no esforço para se atingir uma meta de superávit primário que sustentasse a trajetória da dívida pública.

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Para esses investidores, uma disputa presidencial no Brasil com Aécio Neves ou Geraldo Alckmin pelo PSDB; com José Serra ou Eduardo Paes pelo PMDB; e com Marina Silva, pela Rede Sustentabilidade, não assustaria o mercado tanto quanto a possibilidade de o PT conseguir eleger o sucessor de Dilma Rousseff.

Utilizando o mesmo raciocínio para o que vem acontecendo na Argentina neste ano, os ativos brasileiros poderão registrar um rali substancial apenas com a perspectiva de mudança de comando no País. Qualquer um dos candidatos oposicionistas acima é melhor do que Dilma, na visão desses investidores.

Esse rali poderia começar a partir das eleições municipais de 2016, se o PT sofrer uma derrota acachapante nas cidades acima de 200 mil habitantes.

O único senão desse cenário é que até as eleições municipais e, especialmente, até o pleito presidencial de 2018, existem obstáculos importantes que turvam atualmente a visibilidade política no Brasil. O mais importante deles é se um processo de impeachment da presidente Dilma avançará ou não na Câmara dos Deputados.

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E se esse processo se arrastará por muito tempo no legislativo ou até mesmo no judiciário.

Assim, é um pouco prematuro se preparar para um rali pré-eleições no Brasil aos moldes do que ocorre na Argentina.

Opinião por Fábio Alves

Colunista do Broadcast

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