Hoje, Tony Volpon, à frente da área de pesquisa de emergentes nas Américas do Nomura em Nova York, soltou relatório de análise eleitoral em que conclui que as probabilidades de vitória da oposição são de 60% agora.
O mercado em média não está tão otimista quanto Volpon (tomando-se o padrão de movimentos recentes, associar 'otimismo' ao sucesso oposicionista em relação ao mercado é um dado objetivo, não uma opinião), mas certamente está reavaliando para cima as chances da oposição.
O que impressionou o mercado recentemente foi não só avanço das intenções de voto em Aécio, mas também a queda da popularidade de Dilma e a velocidade do encurtamento da diferença entre os candidatos nas simulações de segundo turno. Também chama a atenção a virada pró-oposição em áreas como o Sudeste e São Paulo.
A precificação da vitória da oposição, e particularmente de Aécio, está no meio do caminho, segundo um experiente economista de mercado. Em outras palavras, há bastante caminho pela frente para os ativos percorrerem à medida que aumentarem as probabilidades percebidas de vitória oposicionista. Por outro lado, os mercados já subiram o suficiente para que uma correção para baixo, caso Dilma volte a exibir grande favoritismo, seja dolorosa.
O que está por trás do otimismo do mercado em relação à vitória da oposição, e especialmente de Aécio, é uma crença muito forte no potencial de um "choque de credibilidade" criar condições para um ajuste intenso, relativamente rápido e bem sucedido dos preocupantes desequilíbrios da economia brasileira.
Capitaneando a crença no poder da credibilidade, está o nome de Armínio Fraga, apontado como futuro ministro da Fazenda de Aécio.
Como resume o economista citado acima, "Armínio comanda enorme respeito não só entre os economistas acadêmicos como também entre os participantes do mercado, o que não é uma combinação tão comum". Obviamente, o grupo de economistas de orientação ortodoxa que já está em estreito contato com o ex-presidente do Banco Central reforça a aposta no choque de credibilidade.
Num segundo passo, o mercado acredita que a vitória de Aécio conduziria a um padrão de política econômica que, passadas as agruras do ajuste de curto prazo, aumentaria o produto potencial do País.
A equação política pós-eleição ainda não entrou num escrutínio mais rigoroso do mercado. Por exemplo, os participantes dão como certo que uma vitória tucana levaria a uma imediata revisão da política de preços da Petrobrás, o que significa um aumento muito substancial do preço da gasolina em 2015. Resta saber se Aécio daria o seu aval a medidas que, do ponto de vista político de um presidente estreante e que representa um partido há doze anos alijado do poder, são de alto risco.
Fernando Dantas é jornalista da Broadcast (fernando.dantas@estadao.com)
Esta coluna foi publicada hoje, 11/6/2014, pela AE-News/Broadcast