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Economia e políticas públicas

Opinião|"Facada" cambial nos participantes do Fórum Mundial

O Fórum Econômico Mundial começa na próxima semana em Davos, na Suíça, e os participantes estrangeiros já devem se preparar para gastos maiores - o franco suíço disparou com medidas tomadas pelo BC do país na quinta-feira.

Foto do author Fernando Dantas
Atualização:

O Fórum Econômico Mundial começa na próxima semana em Davos com uma surpresa inicial não muito agradável para os participantes, com a exceção do pequeno contingente de suíços. A estadia ficou bem mais cara, já que o Banco Nacional Suíço (banco central, SNB na sigla em inglês pela qual é conhecido internacionalmente) na quinta-feira surpreendentemente abandonou o limite de valorização da moeda nacional, correspondente à taxa de um euro para 1,2 franco suíço. Nesta sexta-feira, o euro fechou a 0,984 franco suíço. A valorização da moeda suíça diante do euro em dois dias foi de 22%! A política de colocar um limite à valorização do franco suíço foi iniciada em setembro de 2011.

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O tremor cambial causado pelo país hóspede é sintomático de um dos grandes temas a ser discutido no Fórum, cuja programação vai de terça-feira (um dia apenas cerimonial) até sábado: a recuperação desigual do mundo desenvolvido, em que os Estados Unidos firmam sua retomada e podem até iniciar a elevação de juros este ano, enquanto a zona do euro continua patinando, com renovada ameaça de recessão deflacionária.

É a perspectiva de que o Banco Central Europeu (BCE) inicie este ano um programa de afrouxamento quantitativo (injeções de liquidez, normalmente com a compra de títulos de longo prazo no mercado), a ser anunciado em 22 de janeiro, que pode ter sido a gota d'água para que o SNB abandonasse o limite de valorização do franco suíço. Para sustentá-lo, o banco central suíço comprou volumes gigantescos (dado o tamanho da economia do País) de euros, dólares e outras divisas. Com o afrouxamento quantitativo na zona do euro, manter o limite significaria continuar comprando maciçamente uma moeda em rota de desvalorização. Aliás, a drástica valorização da moeda nacional suíça em dois dias significa perdas pesadas em relação aos ativos em moeda estrangeira do SNB, equivalentes a 476 bilhões de francos suíços.

O Fórum deste ano terá de novo dois protagonistas da política econômica europeia, a chanceler alemã Angela Merkel e seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble.

Também está prevista a presença do presidente francês, François Hollande, num momento de extrema tensão política no país, na esteira dos atentados que vitimaram a redação do Charlie Hebdo e outros franceses, num total de 17 vítimas. O Fórum atrai uma grande quantidade de autoridades de países islâmicos - como Abdel Fatah al-Sisi, presidente do Egito, e Abdullah Hussein, rei da Jordânia -, e com certeza o tema da liberdade de expressão no embate com o respeito às tradições religiosas estará presente.

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Entre as dezenas de chefes de Estado e de governo programados para participar do Fórum de Davos de 2015, destacam-se ainda Li Keqiang, presidente da China; Ollanta Humala, presidente do Peru; e Jacob Zuma, presidente da África do Sul.

Na área empresarial, são esperadas estrelas como Bill Gates, da Microsoft; Michael Dell, da Dell; Lloyd Blankfein, do Goldman Sachs; Ana Botín, do Santander; Carlos Ghosn, da Renaul-Nissan; Lakshmi Mittal, da ArcelorMittal; Carlos Brito, da Anheuser-Busch InBev; entre centenas de outros altos executivos que habitualmente vão a Davos. Brito é brasileiro e Ghosn tem nacionalidade francesa e brasileira.

Entre empresários e executivos atuando no Brasil, constam do programa nomes com os de Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco; Roberto Setúbal, presidente do Itáu; André Esteves, presidente do BTG Pactual; e Frederico Curado, presidente da Embraer, entre outros. Está prevista a presença também de diversos executivos da Petrobrás, embora o nome da presidente Graça Foster, que foi no ano passado, não conste da lista de participantes.

Representando o governo brasileiro, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, devem levar à mensagem aos investidores sobre a grande mudança da política econômica do País no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (que desistiu de ir). O titular da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, também consta da programação.

Outra presença brasileira importante é a de Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Pelo lado cultural, estão previstos o escritor Paulo Coelho, frequentador assíduo dos Fóruns, e o artista plástico Romero Britto, que mora nos Estados Unidos.

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Também irão ao Fórum alguns economistas de grande renome internacional, como os prêmios Nobel Robert Shiller e Michael Spence, além de Lawrence Summers, Nouriel Roubini, Kenneth Rogoff, Jeffrey Sachs e outros. A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, também estará presente.

Este jornalista cobrirá o Fórum a partir da terça-feira, 20/1. (fernando.dantas@estadao.com)

Fernando Dantas é jornalista da Broadcast

Esta coluna foi publicada pela AE-News em 16/1/2015, sexta-feira.

Opinião por Fernando Dantas
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