Agora houve consenso, ausência do fator político e realinhamento com aquele grupo que, pelo menos na atual conjuntura, pode ser considerado "falcão". Quanto à harmonia entre a decisão e a ata, ainda teremos de esperar a divulgação desta última.
Se a mudança de março para abril é boa ou ruim, o leitor deve decidir. Economistas desenvolvimentistas e boa parte da opinião pública que acompanha essas coisas dirão que o BC rendeu-se ao mercado, que defende seus próprios ganhos quando pede um aumento maior de juros. E não há dúvida de que o Copom adotou a visão das vozes mais influentes do mercado.
Por outro lado, quem acredita que essas vozes pertencem a técnicos capazes - que só chegaram onde estão pela qualidade da sua formação acadêmica e por sua capacidade analítica -, que de boa-fé dizem o que acham melhor para o País, não achará particularmente ruim que o BC tenha dado o braço a torcer.
E, no final das contas, a realidade dará a palavra final. O sistema de metas tem um jeito muito simples para a gente avaliar se o BC acertou ou errou. Se a inflação subir muito acima da meta, e lá permanecer por muito tempo, ou se cair muito abaixo, e também se demorar nesta situação, provavelmente houve equívocos de, respectivamente, falta e excesso de conservadorismo. E se o BC trouxer de volta a inflação para o centro da meta numa velocidade tal que provoque uma freada dramaticamente dolorosa da economia, é provável que tenha errado também. Agora, é seguir acompanhando o ciclo de aperto monetário e aguardar os resultados.