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Tudo o que as marcas, a publicidade e o setor de mídia fazem para chamar sua atenção

Como a inteligência artificial influencia a criação publicitária do Brasil e no mundo

Criar uma pintura no estilo do mestre holandês Rembrandt (veja vídeo abaixo), compor uma música e editar trailers de filmes para estúdios de cinema são apenas alguns dos trabalhos que ferramentas de inteligência artificial de gigantes como IBM e Microsoft já conseguiram realizar. O uso da tecnologia já perpassa todo o trabalho da publicidade: da análise de dados à criação de fotografias livres de direitos autorais, passando pela programação de mídia e até a criação em si. Apesar disso, o uso da inteligência artificial no setor ainda é considerado incipiente.

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Por Fernando Scheller
Atualização:

Vencedora de Grand Prix em Cannes, campanha 'compilou' quadros de Rembrandt para realizar uma nova criação Foto: Estadão

Enquanto a capacidade de computadores para a realização de campanhas inteiras é vista com reticência, o uso da análise de dados para definir estratégias e orientar a criação humana está em franca expansão. "Todo o trabalho de análise de dados dentro de uma agência vai ser feito pela inteligência artificial. O volume de tarefas vai cair em 60%, e o restante vai ficar para o toque humano", diz Ricardo Barbosa, vice-presidente de estratégia digital e experiência interativa da IBM.

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Entre as tarefas "mecânicas" que a inteligência artificial passará a fazer sozinha, em uma fração do tempo gasto hoje, Barbosa cita a análise de bancos de imagens, a busca por trechos específicos de vídeos e também as pesquisas de mercado para tentar entender o que o consumidor está pensando.

Hoje, a IBM já tem uma ferramenta que cria imagens a partir de milhares de rostos humanos - são pessoas que não existem, em fotos sem direitos autorais. No último Cannes Lions - Festival Internacional de Criatividade, a empresa apresentou uma ferramenta capaz de separar, em segundos, trechos específico de um vídeo longo, como uma palestra TedTalks.

Por fim, a multinacional acredita que a análise das interações online de um consumidor pode ser mais eficaz do que uma pesquisa qualitativa. Isso porque o algoritmo mostra a interação real do cliente, entre seus amigos, e não um relato sobre hábitos.

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Tecnologia criativa. Fora do País, há alguns exemplos claros - e um tanto assustadores - do que a inteligência artificial é capaz de fazer. A agência Saatchi & Saatchi, de Los Angeles, usou o supercomputador para criar vídeos "personalizados" para os gostos de cada cliente.

Alimentado por diferentes estilos de vida, o Watson criou cerca de 300 roteiros a partir de temas como esportes, viagens e culinária, por exemplo. No processo, também cortou consideravelmente custos de produção.

Ao realizar um trabalho "criativo", no entanto, as ferramentas de inteligência artificial analisam a informação disponível sobre determinado tema e criam algo baseado na "média" do que existe, admite Barbosa, da IBM.

O resultado nem sempre é artisticamente louvável. Ao compilar 13 mil harmonias para criar uma canção pop no estilo dos Beatles, a ferramenta Flow, da Sony, produziu Daddy's Car (O Carro do Papai - veja vídeo abaixo), de melodia genérica e letra que mal faz sentido. No entanto, de lá para cá já se passaram mais de dois anos - e, nesse período, a tecnologia continuou a evoluir.

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Barbosa afirma que as ferramentas de inteligência artificial absorvem dados todo o tempo, em processo contínuo. Segundo ele, as experiências de interação com os atendentes virtuais, como a Bia, do Bradesco, estão em constante evolução. "Quanto mais essas ferramentas forem usadas, melhores elas ficarão", diz.

Por enquanto, segundo criativos ouvidos pelo Estado, a inteligência artificial é uma forma de embasar ideias criativas com dados (leia mais abaixo). "Ainda estamos engatinhando. É possível automatizar muita coisa com a inteligência artificial, mas ainda precisamos do ser humano para a criatividade pura", diz Diego Machado, da agência Akqa. "Estamos na fase 'Atari' da inteligência artificial - o grande salto ainda está por vir."

Ferramenta faz recomendações ao 'observar' hábitos

A comunicação para o setor de saúde é marcada por forte regulação. Embora o uso de dados de pacientes seja proibido, as agências podem tentar entender os hábitos dos profissionais da área médica, responsáveis por escolher os remédios que serão recomendados aos pacientes.

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Na McCann Health, uma ferramenta chamada Wally é capaz de compilar diferentes tipos de comportamento de médicos e dentistas - e facilitar a comunicação. "Sem intervenção humana, o Wally cria 'clusters' (grupos) que permitem entender quando o profissional quer receber um e-mail e o quanto ele está disposto a ler, se quer um estudo completo ou só um resumo", diz João Consorte, presidente da McCann Health.

Diante dessa análise de comportamento, a agência chega a criar até 250 abordagens diferentes para um mesmo produto.

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