Sem ter toda a conta paga pela Brahma ou pela Antarctica, Oliva teve de buscar patrocínios no "pinga-pinga" para criar o Camarote Nº 1. Três anos depois, ele se prepara para levar o conceito de camarote exclusivo para diversos outros eventos.
A primeira dessas empreitadas já está a todo o vapor. O empresário, que também é dono de casas noturnas - como o tradicional Bar Riviera, na esquina da Paulista com a Consolação -, está montando cinco noites de festa em Itacaré, na Bahia, para fazer o primeiro Réveillon Nº 1.
Não é a primeira vez que ele promove uma virada de ano novo, mas será a estreia da marca Nº 1 fora do universo do carnaval. No ano passado, durante os dias de folia, ele já havia criado algumas extensões de marca, como uma feijoada, uma "balada" e um hotel. "São todas ações que devem crescer em 2020", adianta o empresário.
Organizar um réveillon na Bahia, no entanto, exige um esforço logístico maior do que o carnaval no Rio de Janeiro, que já tem uma cadeia de fornecedores azeitada há quase três décadas.
Ao contrário do que ocorre no Rio, onde o cliente só vira "problema" da empresa de Oliva, a Holding Clube, a partir do momento em que chega ao ponto de encontro para ir ao camarote, em Itacaré foi necessária uma parceria com a operadora de turismo Enjoy para garantir que o traslado até o destino final.
Dias de festa
O Réveillon Nº 1 não vai se resumir à virada de 2019 para 2020. Serão cinco dias de festa, começando no dia 28, com 4 mil ingressos vendidos em cada uma das noites. Quem quiser comprar o pacote completo, com direito a bebidas à vontade, arcará com R$ 2,8 mil - o valor é o mesmo para quem usar os serviços de transporte do evento ou para quem chegar a Itacaré por conta própria.
Haverá também pacotes intermediários, mas com um preço por noite relativamente mais alto. "Será um local pé na areia, e muito maior do que o Camarote Nº 1", adianta Oliva.
Por enquanto, o único patrocinador fechado para o Réveillon Nº 1 é a Ambev. Outras parcerias estão em andamento, segundo Oliva, que fechou parceria com a Ticket 360 para a venda de ingressos. Agora, ele tenta atrair marcas de carros, bebidas quentes e bancos para completar o orçamento para a festa de ano novo na Bahia. A intenção, diz o empresário, é atrair R$ 30 milhões à economia de Itacaré.
Para atrair mais dinheiro para o evento, o empresário aposta na mesma fórmula que vem atraindo empresas para o camarote da Sapucaí: a presença das marcas em evento "vip" e muito compartilhado nas redes sociais de chiques e famosos.
Depois do ano novo, Oliva deve se dedicar a expandir a marca para outras datas comemorativas - no radar ele já tem festas juninas e o Halloween Nº 1. O empresário diz ter viajado o País para mapear festas populares com potencial de atrair o público classe A e abrigar um camarote. Surpreendeu-se, por exemplo, com o profissionalismo das festas juninas em Campina Grande (PB) e Caruaru (PE).
Chance e risco
Para Jaime Troiano, especialista em marcas e presidente da Troiano Branding, existe um potencial para extensão de nome do Camarote Nº 1 para outras festas pelo País. Ele lembra que, ao longo de três décadas, o camarote de Oliva na Marquês de Sapucaí conseguiu solidificar sua posição de liderança.
Troiano considera que o Nº 1 - marca inspirada tanto pela posição do camarote na Avenida quanto numa antiga campanha da Brahma - tem uma posição poderosa para quem quer ser o "protagonista" de uma festa. "É uma oportunidade, mas também um risco. Cada festa precisa ter sua própria relevância", diz o especialista. "Não pode ser uma transposição mecânica do que acontece no camarote da Sapucaí. O conceito precisa ser reapresentado de maneira nova."
Ronaldo como concorrente
Em 2019, o Camarote Nº 1 ganhou um rival de peso na Marquês de Sapucaí. O ex-jogador de futebol Ronaldo Nazário se juntou a Gabriel David e à promoter Carol Sampaio, que no ano anterior havia justamente atuado no espaço de José Victor Oliva, para abrir o Nosso Camarote.