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O que o fracasso do Quibi significa para o streaming e as mudanças na HBO e na Netflix

Uma das palestras mais concorridas no Cannes Lions - Festival Internacional de Criatividade do ano passado foi a comandada pelos executivos Jeffrey Katzenberg e Meg Whitman - ele, cofundador da Dreamworks; ela, ex-presidente da HP. Os dois uniram forças em um projeto que prometia revolucionar o mundo do consumo de conteúdo: o Quibi. A startup recebeu o apoio de marcas gigantes, como Pepsico, Google, P&G, Walmart e AB InBev durante o festival. Mas revelou-se o primeiro grande fracasso da febre do streaming que tomou conta do setor de entretenimento nos últimos anos.

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Por Fernando Scheller
Atualização:

O que é o Quibi? Nem Meg Whitman conseguiu explicar ( Foto: Steve Marcus/Reuters)

Mas o que pode explicar um erro de cálculo tão retumbante? Após 18 meses de preparação, o Quibi foi lançado em abril. Na semana passada, seis meses depois do lançamento, anunciou que deixaria de existir, porque seu modelo de negócios não parava em pé.

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Desde o "dia um" o serviço mostrou números pouco animadores. E parte da culpa pode ser colocada na pandemia. Especializada em vídeos de até dez minutos - disponíveis apenas para smartphones, enquanto as pessoas se deslocavam -, a companhia chegou em um momento em que os consumidores não podiam sair de casa e tinham tempo para consumir conteúdos longos.

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A pandemia pode ter contribuído para o ocaso do Quibi, mas, segundo várias fontes, não foi a única. O serviço chegou a angariar quase 2 milhões de usuários. Porém, após o período de teste, 90% das pessoas desistiram da proposta.

Além disso, Katzenberg e Whitman não levaram em conta outra tendência do e streaming: a propriedade do conteúdo. O Quibi atraiu talentos como Steven Spielberg e Kevin Hart, mas licenciava suas séries. E, no fim das contas, a tese de negócios era frágil: será que, realmente, as pessoas queriam ver vídeos curtinhos, como no YouTube, e pagar por isso (US$ 8 na versão sem publicidade e US$ 5, na com comerciais)?

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Cortes

O Quibi pode ter tomado a medida mais radical ao encerrar suas operações, para estancar a sangria de investidores que aportaram US$ 1,7 bilhão no app, mas não é o único serviço de conteúdo a cortar custos neste momento. Dos dois maiores provedores de conteúdo no setor - Netflix e WarnerMedia, dona do HBO Max - reduziram estruturas e cargos executivos nas últimas semanas.

A Netflix, aliás, teve um raro momento negativo na semana passada, quando viu suas ações caírem ao anunciar que adicionou 2,2 milhões de novos usuários no mundo no terceiro trimestre - resultado abaixo das expectativas de analistas, que projetavam 3,4 milhões. Hoje, a Netflix tem 195,2 milhões de usuários globalmente.

A WarnerMedia demitiu vários executivos, cortando diversas posições no topo da organização. O HBO Max, serviço de streaming lançado em maio, atingiu 28,7 milhões de usuários nos EUA, segundo o The Hollywood Reporter.

Contando os clientes da HBO que ainda não ativaram o serviço, o total de assinantes é de 38 milhões no País, superior à meta de 36 milhões inicialmente estabelecida para o ano. Analistas disseram que o resultado é positivo, mas não extraordinário. O total de usuários da HBO (cabo e streaming) é de 57 milhões em todo o mundo.

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E a competição na arena do streaming não para de crescer. Após ser lançada com êxito nos EUA e na Europa, onde já acumula 60 milhões de usuários, a Disney+ chega ao País no próximo dia 17. Outro serviço de streaming, o Pluto, desembarca aqui em dezembro. Nessa arena competem ainda Starz, Paramount+ e MGM, além de outra gigante, a Amazon.

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Em um cenário em que será preciso disputar o bolso do consumidor, a morte do Quibi, idealizado por dois gigantes do mundo corporativo e festejado antes de seu lançamento, é um sinal de alerta. Mostra que mesmo os mais poderosos podem errar e ficar pelo caminho.

Coluna 'Teaser':

MODA E ARTECoach lança coleção e campanha com Basquiat A marca de bolsas e acessórios Coach criou uma coleção inspirada na obra do artista Jean-Michel Basquiat. Além de produtos com trabalhos de Basquiat, a empresa fez uma campanha de marketing cheia de estrelas para a nova linha. Entre os modelos fotografados por Micaiah Carter estão a cantora e atriz Jennifer Lopez, o ator Michael B. Jordan (do filme Creed) e a sobrinha de Basquiat e empreendedora do mundo da beleza, Jessica Kelly.

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Campanha cheia de estrelas para coleção da Coach com Basquiat ( Foto: Coach)

CONTEÚDO'Trace Brazuca' fecha  parceria com 'TVE Bahia' O Trace Brazuca - canal a cabo voltado a conteúdos relacionados à cultura negra - e a emissora TVE Bahia fecharam uma parceria de conteúdo que começa a valer a partir de novembro, Mês da Consciência Negra. Inicialmente, a parceria com a TVE Bahia vai incluir 50 horas de programação mensal. Com isso, o Trace ganha 10 milhões de potenciais novos espectadores.

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