Economia das cidades

Tecnologia da Informação incrementa economia de cidades brasileiras

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Por Daym Sousa
Atualização:

Para fortalecer o setor de TICs, cidades combinaram incentivos da prefeitura, mão de obra especializada e associação de empresas locais

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Anna Carolina Rodrigues e Talita Fernandes

Centros de formação de profissionais de tecnologia, mão de obra qualificada e incentivos governamentais ajudaram algumas cidades brasileiras a atrair negócios, criar empregos e incrementar a economia com a expansão do setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). O modelo, bem-sucedido em Florianópolis, já foi replicado com sucesso em Londrina e no Recife.

 Foto: Estadão

Na capital catarinense, a arrecadação com as empresas de TIC superou a do segmento turístico em 2007, mudança que tornou a economia de Florianópolis menos refém da sazonalidade do setor de viagens. A presença de mão de obra especializada, incentivos municipais e as incubadoras e parques tecnológicos locais favorecem o surgimento de negócios. Entre 30 e 40 empresas são criadas a cada ano.

A expectativa de crescimento do setor, no entanto, não se restringe a Florianópolis. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e da Comunicação (Brasscom), as empresas brasileiras de TIC passarão dos atuais 4,4% do PIB para 6,5% em 2022. O presidente da entidade, Antonio Gil, prevê que esse salto fará o País subir da sétima para a quinta posição no mercado mundial.

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Em 2011, o setor de TIC exportou US$ 2,65 bilhões, crescimento de 10,4% em relação ao ano anterior. A Brasscom espera multiplicar esse volume por 7,5 e chegar a cerca de US$ 20 bilhões até 2022. Gil explica que o País segue macrotendências comuns a outros Brics (grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), como o ritmo do crescimento do PIB nos últimos anos e a ampliação de mão de obra qualificada. Além disso, o governo anunciou em agosto o Plano TI Maior, cujo investimento previsto é de R$ 500 milhões entre 2012 e 2015 em indústrias de software, startups e serviços na área de tecnologia, além da capacitação de 50 mil jovens.

Em Londrina, um dos diferenciais que atraiu empresas de tecnologia foi a criação da primeira central de negócios do setor. A associação permite que pequenas e médias empresas da cidade negociem descontos coletivos na contratação de benefícios trabalhistas, na compra de bens como carros e na participação de eventos comerciais. Atualmente, a entidade é formada por 60 das 240 empresas de TIC existentes em Londrina e região. Segundo o presidente da central de negócios, Laerte Júnior Paludetto, as empresas conseguiram reduzir em média 10% de seus custos operacionais. "Para aumentar em 10% (a margem de lucro), o esforço é brutal. Mas, de uma forma racional, as empresas realizam lucro comprando melhor. Não é preciso aumentar preço de produto (para aumentar o ganho)", explica.

Outro estímulo para o setor são os incentivos da prefeitura de Londrina, que reduziu a alíquota do Imposto Sobre Serviços (ISS) de 5% para 2% sobre a receita. A mesma estratégia foi adotada pela prefeitura de Recife no Porto Digital, parque tecnológico criado para evitar a "fuga de capital" da cidade, segundo o diretor de Inovação, Guilherme Calheiros. Muitos jovens recém-formados em cursos de tecnologia costumavam migrar para outras cidades em busca de oportunidades de trabalho. Empresas, prefeitura e instituições de ensino uniram forças no projeto do Porto Digital para o desenvolvimento de empresas de TIC.

O parque, criado há 12 anos em uma região recuperada no centro do Recife, abriga atualmente 200 empresas de tecnologia, que faturam R$ 1 bilhão por ano e empregam 6.500 trabalhadores. Para 2020, a previsão é que esse número de companhias dobre e a quantidade de trabalhadores dê um salto para 20 mil.

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 Foto: Estadão

 

Empreendedorismo

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O setor de tecnologia em Florianópolis é formado principalmente por empresas de pequeno e médio porte. Muitas são criadas por estudantes recém-formados, como a Axado, site especializado em busca de frete. "É mais ou menos o que o Decolar.com faz hoje, só que, em vez de passagem aérea, a pessoa busca a melhor opção de frete", explica Guilherme Reitz, um dos fundadores da empresa.

Reitz e Leandro Meintanis, outro sócio, contaram com a ajuda de Marcelo Amorim para abrir o negócio, um investidor-anjo focado em empresas de TIC. Amorim não revela o valor aplicado, mas explica que esses aportes ficam geralmente entre R$ 50 mil e R$ 500 mil, dependendo da característica do projeto. Ainda em fase de teste, o site permite que os usuários busquem transportadoras nas principais cidades do País. O próximo passo é permitir que o cliente contrate o frete no próprio site. A expectativa dos sócios é atingir um faturamento anual de R$ 50 milhões em dois anos.

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