O fato de a bolsa brasileira atrair mais o interesse estrangeiro também não significa que as perspectivas para a economia brasileira como um todo sejam necessariamente melhores do que para os demais grandes emergentes. A projeção para o PIB chinês este ano, por exemplo, é de +10%, quase o dobro do brasileiro, que deve ficar entre +5% e +6%. E na Índia as expectativas apontam para um crescimento próximo ao chinês. Sem contar que China e Índia já vêm de crescimentos robustos em 2009, ano em que o PIB brasileiro deve ter fechado com variação próxima de zero. Se o crescimento brasileiro foi e deve continuar sendo menor, o que explicaria tanto entusiasmo dos investidores que aplicam em bônus ou ações? Uma das possíveis razões é o fato de tanto o mercado quanto a economia brasileira serem mais abertos ao capital externo quando comparados, por exemplo, à China e Rússia, que mesmo após abrirem suas economias nos anos 80 e 90 ainda impõem restrições sérias aos estrangeiros. Também se pode argumentar que o Brasil, que convive com a democracia há 25 anos e com a estabilidade econômica há 15, oferece maior segurança institucional quando comparado a um país como a China, ainda governado pelo Partido Comunista em regime de partido único. A combinação de uma política monetária rigorosa com o regime de câmbio flutuante também pode ser um diferencial brasileiro. Ao contrário da China, onde o cambio é praticamente fixo, no Brasil prevalece o sistema flutuante. Quando há um diferencial elevado entre as taxas de juros no Brasil (geralmente maiores do que nos demais Brics) e no exterior, por exemplo, o real se valoriza, o que assegura ganhos mais elevados ao investidor estrangeiro que tiver aplicado em qualquer ativo denominado na moeda nacional, de ações a aplicações de renda fixa. No mercado chinês, o investidor estrangeiro também poderá ter os ganhos amplificados quando, e se, o yuan se valorizar. Mas esta perspectiva não é certa. Ou seja, quando os grandes financistas internacionais elogiam o Brasil, é possível entender que eles realmente estão mais otimistas quando às perspectivas econômicas brasileiras. Parte deste otimismo, porém, é explicado apenas pelo fato de que as condições de obter retornos mais rápidos e graúdos para o capital investido são maiores aqui. Em última análise, um gestor de fundos, nacional ou estrangeiro, será julgado pelos lucros da carteira que administra, e não pelos acertos de suas previsões sobre as economias e empresas dos países que analisa.