O cenário para a retomada do crescimento global, que tem peso importante na atividade e na definição dos juros brasileiros, pode ficar mais claro nesta semana. Importantes indicadores vão ser divulgados nas economias de maior peso no PIB mundial: os EUA, onde se destaca o relatório de emprego (na sexta), e a China, onde serão divulgados índices de atividade industrial (na quarta). A China, que cresceu 8,7% no ano passado, foi praticamente a única entre as grandes potências mundiais que contribuiu com crescimento mundial em 2009. EUA, Japão, Alemanha, França e Reino Unido tiveram recessão. Neste ano, porém, é provável que todos estes países voltem a crescer, embora haja muita incerteza sobre a magnitude desta retomada. Nos EUA, os números divulgados no começo do ano vinham dando indicações contraditórias sobre a sustentabilidade do crescimento econômico. Ultimamente, porém, os sinais têm melhorado. E os analistas esperam um desempenho forte do relatório de emprego que sai na próxima sexta, que pode mostrar a maior geração de postos de trabalho desde que começaram as evidências de recuperação da maior economia do mundo. Considerando-se que a China deve crescer entre 9% e 10% este ano e que os EUA também retomem um avanço em torno de 3%, como vinham registrando antes da crise, o impulso para o crescimento da demanda global deverá ser bem maior neste ano. E este aspecto teria que ser levado em conta pelos gestores de política monetária no Brasil. No ano passado, a inflação ficou pouco abaixo do centro da meta, mas em um ambiente em que apenas a demanda interna subiu, pois as exportações despencaram mais de 20%. Neste ano, caso se confirme a volta da atividade global, a estabilidade inflacionária poderá ser desafiada tanto pela demanda interna quanto pela externa. Seria um argumento a mais em favor da retomada da alta dos juros, que poderá ser enfrentado no Copom de abril por um Banco Central sob nova direção.