A armação das reservas

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Por Redação
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Começam a pipocar notas e reportagens defendendo a necessidade de o País aumentar o volume de suas reservas internacionais. Desde que o Banco Central voltou a intervir no mercado de câmbio, na semana passada, primeiro com um swap cambial e depois com compra direta de moeda, uma catapora de informações a respeito vem salpicando o noticiário.

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No Estadão e no Valor de hoje, o movimento pró-aumento de reservas cambiais ganha destaque. Títulos grandes ressaltam a recomendação de engordá-las, decidida em reunião de banqueiros centrais, na Basileia, no fim de semana, segundo fontes não identificadas (no Estadão, uma foto do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, acompanha o texto).  De acordo com uma "autoridade monetária" (Estadão) ou "um participante da reunião" (Valor), houve consenso de que as economias emergentes deveriam reforçar a posição de suas reservas internacionais, "como forma de enfrentar as futuras crises financeiras".

Detalhe: a cobertura do evento na imprensa internacional informa que a reunião se realizou em clima de otimismo em relação á recuperação da economia global e dela saíram recomendações típicas de banqueiros centrais, no sentido de que não se deve esmorecer no combate à inflação... ainda que todos concordem que não há sinais no horizonte de pressões inflacionárias.

Da recomendação de reforço preventivo das reservas internacionais, nos emergentes, destacada nos jornais brasileiros por fontes não identificadas, nenhum sinal visível. Não que não tenha sido discutida, mas, com certeza, não ganhou o destaque que teve na cobertura brasileira.

Para encurtar a história, a verdadeira ação preventiva em curso, salvo engano, é mesmo a de justificar o novo e injustificável erro da política monetária, que não produziu um corte de juros adequado ao efetivo quadro econômico. 

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A propósito desse assunto, o economista Marcio Garcia, professor da PUC-RJ, publicou, semana passada, um interessante artigo no Valor (para ler o texto, clique aqui). Garcia procura identificar a volta do "carry trade" (dinheiro tomado a juro baixo num dado mercado e aplicado a juro mais alto em outro) , e lança uma série de perguntas, a partir da nova onda de valorização do real - e da volta das intervenções do Banco Central no mercado cambial.

Depois de concluir que o carry trade voltou - ou seja, que os juros brasileiros mantêm-se altos o suficiente para estimular operações de arbitragem de taxas - Marcio Garcia lança uma série de interessantes questões. Uma delas tem a ver exatamente com o volume de reservas e a volta do movimento de compra de dólares, para evitar uma tendência à supervalorização do real.

"Vale a pena", pergunta Garcia, "voltar a acumular reservas a um custo elevado, a partir de um patamar já bastante alto (mais de US$ 200 bilhões), quando tal montante de reservas já se mostrou suficiente para suportar o grande tsunami representado pela crise de crédito do final do ano passado?"

Está aí, de fato, uma boa questão: vale a pena?

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