PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

por Microempresário

PUBLICIDADE

Bom, a CPMF acabou (por ora), e é hora de seguir adiante. E acho que a próxima encrenca que vem aí é a tal da Reforma Tributária. Gosto muito de revistas de automóveis. Uma época, falavam muito no novo código de trânsito. Havia debates, grupos de trabalho, gente de vários lados participando.

Claro que as propostas oscilavam para lá e para cá, sem consenso. Aí alguém no congresso decidiu que era hora de botar o código na rua. E botou, do jeito que estava. Nos primeiros meses, foram literalmente dezenas de resoluções apressadas do CONTRAN para esclarecer coisas confusas, impraticáveis ou até contraditórias. E há coisas que ficaram erradas até hoje.

Lembro-me também de ter ouvido falar em um novo código civil, porque o nosso estava velhinho. Discutia-se, discutia-se, e de repente o código estava pronto e os advogados que se virassem para entender e dar um jeito nos transtornos que apareceram.

Já virou rotina: de repente, o congresso sai com uma novidade, geralmente um "estatuto" moderníssimo, coisa de primeiro mundo, uma vitória da cidadania, etc, etc. A imprensa aplaude, o povo vibra, ninguém é contra. Com o tempo a gente descobre que não é bem assim, que o tal estatuto é um amontoado de boas intenções sem instrumentos para ser aplicado, que criou um monte de benesses sem dizer quem paga a conta, etc de novo. Moral da história: mais uma lei que "não pegou".

Publicidade

Vi no noticiário dois ou três políticos dizendo que é uma prioridade aprovar a reforma tributária. Note-se o verbo: aprovar, não debater, nem analisar. Me deu uma impressão que a coisa já está pronta. E aí é que mora o perigo.

Eu confesso que não tenho a menor idéia do que eles entendem por essa reforma. Sei que o governo federal quer centralizar a arrecadação para ter maior poder de barganha com estados e municípios e limitar os danos causados por governadores e prefeitos irresponsáveis. Sei que governadores e prefeitos querem exatamente o contrário. Sei que empresários querem impostos menores e mais fáceis de calcular. Sei que os sindicatos de auditores e fiscais querem o contrário, para garantir seus empregos, e, em alguns casos, suas chances de conseguir um "por fora". Sei que quem é de esquerda quer muita arrecadação e aumento dos gastos sociais, e quem é de direita, ao contrário, não quer.

Então, o Brasil pode aproveitar o momento e dar um passo importante. Mas está tudo prontinho para repetir a fanfarra de sempre, e aprovar mais um balão de fumaça, com a promessa de que todos nossos problemas se resolverão.

No país que nunca perde uma chance de perder uma chance, acho que estamos vendo chegar a oportunidade de um debate de verdade, com todo mundo assumindo suas idéias e dizendo qual seu projeto de país. Chega de entrevistadores chapa-branca levantando a bola para políticos repetirem promessas de campanha em pleno mandato. Chega de repetir slogans de décadas passadas. Chega de acreditar em Papai Noel.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.