José Paulo Kupfer
17 de abril de 2008 | 19h29
Muito antigamente, no tempo em que os animais falavam, quando os juros subiam, a bolsa caía. No Brasil dos tempos modernos, quando os juros sobem, a bolsa também sobe.
No Brasil dos tempos modernos, no regime de câmbio flutuante, quando os juros sobem, o real se valoriza.
Antigamente, quando a moeda doméstica se valorizava, a tendência era abrir déficits nas contas externas. Esses déficits, que se acumulavam enquanto a moeda continuava valorizada, dava em dívida externa. Os déficits em contas correntes e as dívidas externas aumentavam até o ponto em que a moeda local começava a sofrer um ataque de especuladores. A partir desse momento, as reservas, usadas na defesa do valor da moeda, eram rapidamente consumidas e a moeda local entrava em processo acelerado de desvalorização.
Antigamente, a desvalorização da moeda local, o retorno atrapalhado de um período de valorização, produzia um surto inflacionário.
Mas, pelo visto, para o Banco Central e o conjunto de especialistas que comunga da visão do BC, isso era no tempo em que os animais falavam.
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