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Emprego e desemprego

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Por Redação
Atualização:

A economia anda em marcha lenta, a criação de novas vagas de trabalho no mercado formal, em março, não passou de 13 mil postos, o menor número para o mês em 15 anos, mas a taxa de desemprego continua a recuar. No mesmo mês de março, caiu para 5% da força de trabalho, o menor índice desde o início da atual série da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, inaugurada em 2002.

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Essa combinação, aparentemente contraditória, tem explicação. Mas nem por isso os analistas deixaram de apanhar dos resultados. Eles previam, para março, um desemprego maior, de 5,4%, e um volume de novos postos de trabalho muito maior, nas alturas de 100 mil vagas.

Nas condições atuais da demografia e das particularidades do mercado de trabalho, os índices não dizem tudo e devem ser analisados com cautela. O desemprego, por exemplo, recuou ainda mais não porque tenha ocorrido aumento no volume de pessoas ocupadas - a taxa de ocupação está estacionada há meses. O que recuou e sustentou a queda no desemprego, como vem ocorrendo há bastante tempo, foi o contingente formado pela População Econômica Ativa (PEA). Ou seja, da mesma forma que em meses anteriores, há menos gente em idade de trabalhar procurando ocupação.

Detalhe importante: se a PEA, em março, recuou 0,6% sobre março de 2013, no grupo de jovens entre 18 e 24 anos, o encolhimen- to foi de 4%. Com a melhoria no padrão de renda das famílias, estaria ocorrendo um fenômeno de postergação do ingresso de jovens no mercado de trabalho.

Também é necessário contextualizar os resultados da criação de novos postos de trabalho. Em março, pode ter ocorrido um "efeito calendário", como notaram os economistas da LCA Consultores, em boletim a clientes, comum nas épocas em que o carnaval cai em março. Nesses períodos, haveria uma antecipação de contratações em fevereiro.

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O teste desta hipótese pode ser feito somando a criação de vagas em fevereiro e março e comparando o resultado com a mesma conta em anos anteriores. Nos últimos três anos, o resultado é bem parecido, em torno de 250 mil novos postos. A conclusão é que, se o volume muito baixo de vagas criadas em março indica uma tendência de esfriamento do mercado de trabalho, em linha com a estagnação da taxa de ocupação, apurada na PME, a situação não é tão alarmante quanto o número seco poderia fazer supor.

Grande parte dos analistas, a propósito, avalia que o desemprego tende a subir, mas muito lentamente.

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