Enfim, o investimento

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Por Redação
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Depois de oito semanas estacionada em 3%, a mediana das projeções para a expansão da economia em 2013, coletadas semanalmente pelo Banco Central, entre analistas de mercado e divulgadas no boletim Focus, recuou, na edição desta segunda-feira, para 2,98%. O recuo chama a atenção menos pelo rompimento de uma barreira simbólica de resistência do nível de atividades do que pelo fato de que tenha ocorrido quando já estão disponíveis indicações seguras de que o PIB experimentou avançou relativo vigoroso, em torno de 1%, no primeiro trimestre do ano - o resultado oficial deve ser divulgado pelo IBGE em uma semana, na mesma quarta-feira, 29 de maio, em que o Comitê de Política Monetária (Copom) definirá a taxa básica de juros para os próximos 45 dias.

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A leitura natural para esse aparente desencontro é a de que as expectativas de mercado para o restante do ano não são das mais otimistas. Mesmo que o crescimento do primeiro trimestre de 2013, em relação ao último de 2012, aponte um ritmo de expansão na casa dos 4% anualizados - o que não ocorria desde o segundo trimestre de 2010 -, as desconfianças do mercado têm algum fundamento.

Não se pode esquecer que esse crescimento, embora razoável, já expressa uma acomodação em relação ao ritmo do começo do ano, quando , depois dos resultados de janeiro, previsões de um avanço de até 1,5% no primeiro trimestre sobre o anterior se tornaram frequentes. Além disso, as informações sobre a atividade econômica em abril indicam mais um pouco de moderação. O freio vem principalmente do comércio, vítima dos efeitos da inflação nas bordas do teto da meta sobre a renda disponível das pessoas.  É com base nessas indicações que o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), por exemplo, projeta uma evolução da economia, no segundo trimestre, de apenas 0,5%.

Não é recomendável, porém, já colocar muitas fichas numa trajetória francamente descendente para a evolução do PIB em 2013. Quando saírem os números do IBGE, ficará claro que o avanço do primeiro trimestre foi, finalmente, sustentado pelo investimento que, vindo de uma base deprimida, parece ter evoluído em ritmo muito acima das expectativas e bem mais forte do que o consumo das famílias. A ascensão do investimento a novo motor da economia, mesmo com sua natureza mais volátil, poderá exigir ajustes futuros nas projeções dos analistas para o desempenho da economia.

Não há consenso, entre os analistas, sobre a sustentação, no restante do ano, da forte retomada dos investimentos registrada no primeiro trimestre. Mas formou-se entre eles a convicção de que a recuperação da produção de bens de capital, em conjunto com as importações de máquinas e equipamentos, nos primeiros três meses do ano, já produziu um colchão capaz de assegurar um crescimento econômico básico de pelo menos 2%, em 2013.

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Traduzida não só pelo crescimento da fabricação de caminhões e ônibus, mas também por uma generalizada recuperação da produção de máquinas e equipamentos, a expansão dos investimentos permite localizar espaços para um desempenho menos apático de pelo menos alguns segmentos industriais. A consultoria LCA, por exemplo, considera que, na esteira do bom desempenho do setor agrícola - responsável, é verdade, por metade do crescimento do primeiro trimestre -, a agroindústria, com destaque para o segmento de açúcar e álcool, acrescentará alguns pontos ao PIB deste ano. Idem no caso da indústria de óleo e gás, da qual se espera, para o segundo semestre, a retomada de maiores índices de produção.

 

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