As medidas de desoneração fiscal e estímulo ao crédito, anunciadas agora há pouco pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, reforçam a idéia de que o governo ainda não acredita que a economia brasileira, em 2009, vai para o buraco. Ainda que o Banco Central já esteja estimando um crescimento de apenas 1,2% este ano e o próprio Mantega afirme agora que ficará satisfeito com qualquer expansão positiva, o ataque aos impactos da crise na economia brasileira continua sendo feito a conta-gotas.
As medidas anunciadas são necessárias mas não parecem suficientes para compensar as perdas já incorridas e muito menos influir na redução de incertezas para a decisão de compra dos consumidores e de oferta pelos empresários. Mesmo o esquema de estímulo de crédito, para instituições financeiras menores, via garantias, que é importante para irrigar o consumo, terá, se funcionar, impactos bem parciais.
Não estamos falando, tudo bem, do pacotão habitacional. Mas também, se der certo, dará certo, claramente, mais lá na frente. Mas o fato é que, comparadas com o que tem sido feito em outras economias, as providências adotadas pelo Brasil para enfrentar a crise são nitidamente mais tímidas.
Isso inclui, obviamente, a atuação do Banco Central. E deveria incluir uma decisão mais arrojada em relação às metas de superávit primário - uma jabuticaba que, no momento, diante do mundo, virou um exotismo. Podemos nos dar a esse luxo?
Hoje mesmo, junto com o anúncio das novas medidas, saiu o IGP-M de março. É um salto no precipício, um recuo de quase 1%, o maior em cinco anos. Mau sinal. Ainda em março, a redução do ritmo de atividade pode não ter chegado ao fundo do poço.
Não seria melhor, no caso atual, pecar por excesso do que por falta?