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Por Redação
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O resultado de um mês - e ainda mais de um mês conturbado como foi junho - é sempre insuficiente para sustentar tantas profecias políticas e econômicas quanto as que pipocaram logo que os números do desemprego no mês passado foram ontem divulgados pelo IBGE. Porém, estão presentes na economia, pelo menos desde fins de 2012, elementos capazes de indicar que uma reversão da atual estagnação nas taxas de ocupação e desocupação é bem menos provável do que uma deterioração, ainda que lenta e moderada, nas condições oferecidas pelo mercado de trabalho. O ambiente de desconfiança em relação ao nível geral de atividades, no futuro próximo, reforça essa percepção.

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Por qualquer ângulo que se observe a evolução recente dos indicadores de emprego e renda, já antes de junho, mas com maior nitidez depois dos números do mês passado, é uma só, subdividida em duas vertentes que se articulam, a explicação para a perda de ritmo e a atual estabilidade: o desânimo dos empresários para abrir ou ampliar negócios e o consequente temor das famílias diante das possibilidades de estreitamento da oferta de vagas.

O caso da indústria é, nessa linha, bem ilustrativo. Enquanto havia um horizonte menos nublado de retomada do crescimento, o setor industrial, mesmo enfrentando recuos na produção e nas vendas, reteve mão de obra. Diante das perspectivas de aumento da produção, o custo de demitir e de treinar os eventuais novos contratados superava o de manter o pessoal já habilitado. Na hora em que essa perspectiva não se confirma, dispensar funcionários é o caminho natural. Não é por coincidência que o mais forte recuo setorial na taxa de ocupação ante o mesmo período do ano passado ocorreu agora na indústria.

Mas não é só de demissões que podem vir pressões para elevar o desemprego. Além da corrosão dos rendimentos familiares pela inflação - vale lembrar que a forte alta nos preços dos alimentos tem impacto forte na renda disponível -, o temor de dificuldades futuras de ingresso no mercado de trabalho pode acelerar a oferta de mão de obra. O excedente, eventualmente não absorvido, engrossaria a taxa de desemprego.

 

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