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Por Redação
Atualização:

A dúvida não era se a taxa básica de juros chegaria a 9% ao ano, na reunião do Copom de ontem, como de fato chegou. Isso todo mundo sabia que aconteceria. O que ainda dá margem a divergências é se o Banco Central cumprirá o anunciado na ata da reunião anterior do Copom, em março. Ou seja, se manterá os juros básicos no nível agora alcançado pelo menos até o fim do ano ou se decidirá mais um corte, até 8,75% ao ano, antes de encerrar o ciclo de afrouxamento.

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No comunicado distribuído ao final da reunião, o Banco Central não ajudou a dirimir a dúvida. Nas 60 palavras que resumiram a decisão do Copom, não há sinais inequívocos nem de que a taxa Selic estacionará onde chegou nem de que terá pelo menos mais um corte. Reafirma apenas que permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação e também sua crença na até agora contribuição desinflacionária do setor externo.

Especulações sobre eventuais mudanças na linha de ação insinuada no ata da reunião do Copom de março ganharam corpo depois do surpreendente baixo avanço da inflação no primeiro trimestre do ano - o índice trimestral acumulou alta de 1,22%, o menor desde 2000 - e da fraca evolução da economia, no mesmo período.

Além disso, a permanência de incertezas acima das usuais na economia internacional, como o BC tem gostado de pontuar, nas últimas atas do Copom, vai na mesma direção da alteração na mudança de planos. A freada da economia chinesa, ainda que suave, insinua menores pressões nos preços das commodities e completa o quadro favorável a uma continuidade no ciclo de cortes nos juros.

Mas há fatores que devem ser ponderados antes de que se possa concluir que pela existência de espaços para avançar na redução dos juros básicos - e que o BC vai aproveitá-los. Esses fatores devem ser buscados no desempenho presumível da inflação, no futuro próximo, como resultado de pressões localizadas na atividade doméstica.

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Analistas de mercado avaliam que a inflação, no segundo trimestre, acumulará alta ligeiramente superior à registrada no período janeiro-março. É provável que, no acumulado de 12 meses, o índice, em maio, desça para menos de 5%, sua marca mais baixa em 20 meses. Mas, a partir de junho, a tendência da inflação voltará a ser de alguma alta, a ponto de encerrar o ano, se não ocorrerem surpresas, um pouco acima de 5%.

Embora a economia venha rodando em ritmo mais lento do que o esperado, são poucos os que não preveem uma retomada no segundo semestre. Continuam majoritárias as projeções de que o PIB, em 2012, avançará entre 3% e 3,5%. Para que isso se concretize, a economia terá de dar uma corridinha na segunda metade do ano, e isso poderá animar os índices de preços.

Ficará para a ata a ser divulgada na próxima quinta-feira deslindar o mistério. Se, como ensinam analistas, o Copom avisar que seus próximos passos dependerão da evolução da inflação e do nível de atividades, será sinal de que o ciclo de cortes nos juros básicos terá se encerrado. Caso contrário, novos cortes terão entrado na tela do BC.

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