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IPCA de julho: de volta à normalidade

Por José Paulo Kupfer
Atualização:

A inflação continua a recuar, depois do choque de oferta provocado pela greve dos caminhoneiros, ainda que em ritmo um pouco menos acelerado do que o previsto pelos analistas. Em julho, a variação do IPCA, divulgada nesta quarta-feira, avançou 0,33% sobre a base de junho. A mediana das projeções era de uma alta de 0,27%, mas, de todo modo, a queda foi expressiva, diante do salto de 1,26% registrado no mês subsequente ao do colapso no abastecimento produzido pela paralisação do último terço de maio.

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De janeiro a julho, a inflação registrou alta de 2,94%, acima da variação de 1,43%, no mesmo período de 2017. No acumulado em 12 meses, o IPCA subiu 4,48%, bem no centro da meta, de 4,5%, estabelecido para este ano, ligeiramente acima do acumulado de 4,39%, no ano passado. Projeções para o IPCA de agosto apontam para o fim dos efeitos altistas do corte no abastecimento de produtos de consumo e partes para a produção. As estimativas, depois de conhecido o resultado de julho, é de que, em relação a julho, a inflação ficará praticamente estável, variando entre 0,05% e 0,1%.

Para o conjunto de 2018, a maior parte das estimativas aponta alta de 4,1%, mas vem crescendo as previsões de que a inflação do ano alcançará o centro da meta.

Preços das passagens aéreas e tarifas de energia elétrica foram os principais responsáveis pela variação do IPCA em julho. Foram altas previsíveis e com tendência a se dissiparem à frente. No primeiro caso, o das passagens aéreas, a pressão foi sazonal, causada pelo aumento da demanda nas férias escolares de meio do ano. Quanto à energia, a elevação já um pouco inferior à de junho, ainda obedece à manutenção da bandeira vermelha, nível 2, para as tarifas, refletindo o período de seca e a utilização mais intensiva de usinas térmicas, cujo preço do quilowatt gerado é mais caro.

Como era de se esperar, os alimentos in natura, cujos preços explodiram com o desabastecimento de maio/junho, recuaram fortemente em julho -- hortaliças, legumes e turbérculos, por exemplo, mostraram corte de quase 30% em seus preços. Também os preços dos combustíveis arrefeceram no mês passado. Em conjunto, os preços livres avançaram apenas 0,13% no mês (2,25% em 12 meses), enquanto os preços administrados continuam acelerados, com alta de 0,89% no mês e de 11,36% em 12 meses.

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Com ociosidade ampla na economia, ritmo de crescimento fraco da atividade e desemprego elevado, as pressões de demanda, capazes de pressionar a inflação, não têm se apresentado, mesmo com a alta nas cotações do dólar, que tende a elevar não só diretamente o preço dos importados, mas abre espaço para puxadas nos preços dos concorrentes domésticos. Prova disso é a redução do índice de difusão de preços, que marca o porcentual de alta de preços no mês entre os produtos e serviços que compõem o IPCA. Em julho, o índice de difusão ficou em 49,6%, abaixo da média histórica, de 61,9%.

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